Wednesday, November 26, 2008

Já era tarde - parte 2 : com outra opinião

O texto abaixo, retirado do ótimo blog do Noblat, é do Senador do DEM Demóstenes Torres. Embore não concorde com algumas posições, acho que no geral sua crítica é muito bem procedente e acrescenta outro ponto de vista a meu texto abaixo:


Ainda que na linguagem diplomática o chamamento de volta a Brasília do embaixador em Quito signifique o primeiro passo para o rompimento das relações com o Equador, foi tímida a reação do presidente Lula em relação ao calote da dívida com o BNDES. Mostrou-se indignado, mas não extremamente indignado como é natural que se proceda neste caso. Não fosse a crise econômica mundial, os petistas preferiam assimilar um prejuízo a mais à destruição da grande agenda propositiva desenvolvida junto aos vizinhos e amigos latino-americanos.

Observem que não há um clima de insatisfação do indulgente governo brasileiro com o mérito da atitude caloteira do presidente Rafael Correa. Há muita gente dentro do Palácio do Planalto que reconhece o esbulho como uma atitude legítima de uma nação pobre contra a ganância corruptora de uma empreiteira. O que pesa é a oportunidade. Ante a incerteza de que o mundo possa acabar, não é hora de distribuir benevolências e Correa esperneou um tanto tardiamente.

Na verdade, o governo brasileiro enquanto acreditou que a crise era um problema de Bush, meu filho, tratou da insubordinação equatoriana com o que se pode chamar de resistência passiva de um cônjuge enganado. O Brasil aceitou que a Odebrecht fosse expulsa do País. Depois admitiu sem reclamar que o mesmo ocorresse com Furnas, uma estatal da maior competência técnica e probidade. Ato contínuo quase que igual destino foi reservado à Petrobrás, fato que não se consumou depois de a empresa petrolífera se submeter a uma quebra temporária de contrato cujo prejuízo foi apenas adiado.

No afã de conquistar liderança moral da América Latina, o Brasil criou política externa centrada na comiseração. Somos credores de muito destes países, grande parte do investimento produtivo que eles recebem vem do Brasil, vez por outra perdoamos dívidas e mediamos conflitos em que eles se envolvem. Mesmo assim ficamos satisfeitos quando nos tratam como cachorro de rua. O interessante é que nações como a Bolívia, o Paraguai e o Equador justamente se munem do nosso extremo sentimento de humanidade e clemência para nos bombardear.

Correa, por exemplo, conta com a pronta mobilização de um certo Movimento Indígena Equatoriano para defender a soberania do seu país contra o imperialismo brasileiro. Fernando Lugo tem uma versão paraguaia dos sem-terra como força de reserva para eventual tomada de Itaipu. Morales se deu muito bem ao dar configuração étnica ao ato bandoleiro de invadir propriedade privada e quebrar a segurança contratual com a Petrobrás. Como líder, deveríamos lutar pelo aperfeiçoamento democrático, quando, no entanto, alimentamos o populismo macróbio.

A disposição caloteira de Rafael Correa é inaceitável sob qualquer aspecto. Agora é preciso ficar atento pois pode significar a antecipação de uma moratória geral dos países bolivarianos em conseqüência da queda acentuada do preço do petróleo. Em vez de assumir a missão de salvador da pátria alheia, a diplomacia brasileira fará bem ao País caso atue com a personalidade de líder. Não fará nenhum mal se assimilar os fundamentos da Doutrina do Guatambu desenvolvida por Theodore Roosevelt a respeito da influência geopolítica: “Fale suavemente, mas mantenha à mão um grande porrete.”



Demóstenes Torres é procurador de Justiça e senador (DEM-GO)

Tuesday, November 25, 2008

Já era tarde...

Devo dizer que fiquei surpreendido desta vez: o governo Lula convocou o embaixador brasileiro no Equador para consultas, após o anúncio de que o demente do presidente daquele país iria dar, como de fato deu, calote no empréstimo que o BNDES deu para a construção , já concluída aliás, de uma usina hidrelétrica.
Chamar o embaixador para consultas é algo, na linguagem diplomática, grave: equivale a dizer que o país que o chamou de volta, no caso o Brasil, está realmente muito chateado com a atitude do Equador. O próximo passo, caso ele exista, deverá ser o rompimento de relações diplomáticas.
Devo dizer: fiquei surpreso. Não esperava tal atitude no governo Lula, que ficou conhecido por sua leniência exagerada com os destemperos de alguns dementes presidentes da América do Sul.
Em primeiro lugar, as atitudes loucas de Chávez, que em meio à crise dos reféns na Colômbia e o ataque aéreo contra o grupo narco-terrorista Farc, levou tropas a sua fronteira com a Colômbia, jogando gasolina no fogo: tal atitude, irresponsável, inútil e no limite, estúpida, deveria ter sido duramente criticada pelo Brasil, que preferiu o silêncio.
Outros rompantes delirantes da "esquerda" latrino-americana: o rompimento unilateral dos contratos com a Petrobrás na Bolívia, com uso inclusive de tropas para invadir instalações da empresa por lá. O Brasil, mais uma vez, reagiu timidamente, quando a situação, sem necessidade de medidas igualmente espalhafatosas, pedia uma reação serena mas firme.
O Brasil de Lula vê a "esquerda" latrina americana como messiânica e salvacionista: Correa no Equador, Chávez na Venezuela, Lagos no Paraguai, Vásquez no Uruguai, Morales na Bolívia, são todos vistos por altos membros do governo Lula como aliados... mas como diria ironicamente, "muy amigos" : Morales prejudicou a Petrobrás na Bolívia, Lagos quer aumentar o valor da energia de Itaipu, Correa prejudiou a Odebrecht e Chávez chega ao extremo de financiar campanhas políticas em outros países, como na Argentina, numa clara violação do mais básico Direito Internacional. Como se vê, e o episódio é didático, a "esquerda" latrina americana é histriônica, infantil, messiânica, burra e no limite, agressiva, sempre pronta a comprar briga com "imperialismos" imaginários, sejam americanos, ou no caso, brasileiros.
Cabe ao Brasil selecionar melhor seus parceiros econômicos e políticos: um caso como da Odebrecht jamais ocorreria no Chile, governado pela esquerda, mas por uma esquerda moderna, inteligente, em sintonia com o século XXI, não com o programa do PC da URSS dos anos 1930. Num país "sério", uma empresa estrangeira pode ser punida caso cometa algum delito, mas com os meios jurídicos normais e formais, e não com rompantes nacionalistas, discursos inflamados e funcionários estrangeiros presos por tropas do exército e deportados sumariamente em 24 horas. Interessante notar que idiotas esquerdistas,como a revista CartaCapital, calam-se diante do episódio, pois como não dá pra defender imbecilidade tamanha, é melhor simplesmente fingir que ela não existe. Todo o episódio traz importantes lições:

1-há esquerdas e esquerdas; há Chile e Venezuela, ambos de esquerda, mas uma delas está no tempo histórico correto, outra no mundo da fantasia.

2-a esquerda brasileira precisa ser mais crítica e menos emocional, política internacional não é jogo de futebol, no qual se torce pelo Chávez como se torce pelo Cotinthians....há muito boboca de esquerda por aí que acha um Chávez ou um Correa lindos, só por que eles falam mal do "imperialismo" e querem "defender o povo". Políticas de esquerda agressiva e burras são apenas políticas agressivas e burras e não devem ser elogiadas só por que vêem travestidas de um lindo discurso social e nacionalista.

3-O Brasil deve escolher seus parceiros com base em fatos, não em discursos. Morales pode ser um lindo índio governando um país que sempre os desprezou, mas mesmo assim, deve ser tratado de modo firme quando agride leis internacionais e empresas brasileiras. E o mesmo vale para todos os outros presidentes de esquerda.

4-O Brasil hoje é maior que a América Latina: algumas empresas brasileiras são verdadeiras multinacionais. Quem sabe precisamos de alguns conselhos de americanos sobre como enfrentar nacionalismos extremados em outros lugares... não deixa de ser um bom sinal de crescimento e maturidade econômica.

5-O recado que o Brasil deu é claro: chega de ser alvo preferencial do nacionalismo idiota de líderes que se acham messias: não tenha dúvida, depois desse recado, um Lagos no Paraguai vai pensar duas vezes antes de querer aumentar a energia de Itaipu sem negociação. Não se trata de impor, pela força, o tamanho do Brasil aos nossos vizinhos. Mas apenas de marcar posição: negociar não é brigar. Taí uma lição que a maioria da esquerda nacionalista e caudilhesca latrino-americana deve aprender.

Wednesday, November 19, 2008

GM falindo: entre o liberalismo racional e a emoção.

Com a crise mundial, o liberalismo acabou: a era da intervenção do estado na economia estaria de volta e desta vez para ficar. Verdade?
Uma verdade é fato: a desregulamentação financeira que começou nos anos do presidente Reagan e da primeira ministra britânica Tatcher é uma das causas da crise. Bancos puderam emprestar dinheiro a quem não podia pagar: ao mesmo tempo, os próprios bancos emitiam títulos, forma sofisticada de dizer que podiam produzir dinheiro, como um enorme cheque pré-datado, e estes títulos eram depois renegociados mundo afora. Tudo sem supervisão nenhuma do Banco Central americano, que poderia ter impedido tal sistema. Pelo jeito, este tipo de ciranda financeira, que aliás acompanha o capitalismo desde sua origem, não volta mais, pelo menos por enquanto, até quando outros bancos inventarem outros meios ainda mais sofisticados de fazer dinheiro. E der noutra crise.
Porém, daí dizer que o estado deve sempre intervir na economia vai uma diferença.
Veja o caso das Big Three, as montadoras americanas: GM, Ford e Chrysler. A GM hoje vale em bolsa menos que a Natura, enquanto a Chrysler só não faliu de vez porque o fundo que a controla, o Cerberus, até agora não conseguiu se desfazer da empresa. Discute-se hoje nos EUA um socorre bilionário a essas empresas.
Claro que milhares de empregos, portanto vidas, seriam destruídos com a falência de uma empresa do porte da GM: do ponto de vista racional e emocional, nós, brasileiros, já estaríamos raspando todas as economias do Tesouro Nacional para ajudar uma GM, caso fosse no Brasil. Lá nos EUA, eles ainda discutem o problema e relutam em dar dinheiro a GM: sucididas? idiotas, esperando uma empresa de 111 anos quebrar? desumanos, esperando milhares de empregos serem pulverizados? Calma lá...
As empresas americanas de carros estão em sérias dificuldades, mas outras empresas estrangeiras por lá instaladas, Toyota, Honda, Nissan, VW, viram suas vendas caírem, mas nem por isso estão falindo. O que ocorreu foi uma conjunção de duas crises, infelizes para as montadoras americanas, mas esperadas. A crise da indústria americana vem de longe: desde 1973, com o primeiro choque do petróleo, que ficou evidente que o "carro americano", aquele monstro com 6 ou 8 cilindros, pesado e enorme, com baixa tecnologia e aquelas picapes 4X4 devoradoras de petróleo, eram inviáveis no longo prazo. Foi o primeiro golpe no modelo americano de andar de carro. Depois, veio a bonança dos anos 90, com crescimento econômico nunca visto, em grande parte aliás, devido as operações financeiras que irrigaram a classe média americana com crédito farto, e falar de carro grande e gastador virou coisa de ecologista: o modelo americano de carro continuou.
Quando o petróleo bateu nos 150 dólares, de novo, a realidade apareceu: o consumidor americano voltou a ignorar os carros imensos. Por essa época, 1 ano e meio atrás, a GM já contabilizava prejuízos bilionários e a Chrysler, falida, foi vendida para um fundo de investimentos. A Ford anunciou fechamento de várias fábricas e pela primeira vez, preparou o lançamento de um carro europeu, compacto, o Fiesta, nos EUA. A era dos carrões tinha acabado.
Passado esse 1 ano e meio, veio a crise financeira, que apenas piorou o que já estava ruim. A imagem das marcas americanas no próprio mercado americano é péssima: eles mesmos não gostam de suas empresas, pois seus produtos são vistos como beberrões, ultrapassados, feios e pouco confiáveis, bem ao contrário dos carros japoneses, alemães e agora coreanos, sempre no topo das pesquisas de qualidade.
O problema agora é outro: com a GM á beira da falência, o que fazer ? Simplesmente deixar quebrar, dizendo que a culpa foi da própria empresa, que não soube modernizar sua linha de produtos e aumentar qualidade ? Devo dizer que a opção ideal mais correta seria essa,tanto para liberais como até para esquerdistas que odeiam tudo que é americano, mas não vivemos num mundo ideal.
A outra alternativa, mais ao jeito brasileiro, de esquerda, católico, emocional, seria dar alguns bilhões a GM, fingir que tudo está bem, e esperar a próxima crise, perdoando os erros evidentes de administração da empresa. É mais emocional e salva empregos, mas revolta o estômago, além de dar um sinal errado a todas as outras empresas americanas: façam merda que o governo conserta.
Entre o ideal e o real, debate-se nos EUA o que fazer: não deixar quebrar, mas também não dar um cheque em branco. É esse pragmatismo, sem firulas ideológicas liberais ou esquerdistas, que deve prevalecer, o que é muito difícil.
Discute-se como manter a GM vida, mas ao mesmo tempo exigir modernização de produtos, alinhamento ecológico e rígidos controles orçamentários do dinheiro do contribuinte que foi salbar uma empresa privada.
Entre o debate liberal e o de esquerda, fico com os dois: há pontos de vistas fundamentais que a esquerda tem razão em apontar, o capitalismo pé injusto, as crises são frutos da ganância, mas os liberais têm um ponto que não dá pra negar: dinheiro público não deve ser jogado fora em empresas privadas incompetentes. Bem que no Brasil poderíamos aprender um pouco com esse pragmantismo americano.

Monday, November 17, 2008

quem seria, hein ?

Adivinhe quem é capaz de se encontrar com o Papa, e em Roma, diante de vários jornalistas e convidados em pleno Vaticano, dar-lhe conselhos sobre como gerir a Igreja e dar ordens para que ele, Papa, reze pela solução da crise financeira mundial,e na mesma semana, pela imprensa, dar conselhos igualmente a Barack Obama sobre como governar os EUA e sair da crise ?
Quem se acha o messias, o iluminado, o encantado, o revelado, o portentoso, o maior, o farol da Humanidade ? O único ser humando arrogante o suficiente capaz de dar conselhos, tanto ao Papa, quanto ao presidente eleito dos EUA ?

Tuesday, November 11, 2008

Assunto polêmico ? é comigo mesmo.....

texto do Estado de SP:

O Senado do Uruguai seguiu a Câmara dos Deputados e aprovou nesta terça-feira um projeto de lei que descriminaliza o aborto, o que faria do país o mais liberal da América do Sul na abordagem da questão. No entanto, o presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, prometeu vetar a medida. A Lei de Saúde Reprodutiva e Sexual foi aprovada por 17 dos 30 senadores uruguaios em votação realizada na manhã de hoje, disse a senadora governista Mónica Xavier. Na Câmara dos Deputados, o texto passou por 49 a 48.
O projeto de lei aprovado pelo Senado do Uruguai, um país de 3,3 milhões de habitantes que mantém uma estrita separação entre Estado e a Igreja Católica, determina que a mulher pode abortar até a 12ª semana de gestação. Desde 1938, o aborto era considerado crime "em qualquer circunstância", destacou Mónica, médica e senadora pelo Partido Socialista.
Apesar de a Igreja ter feito campanha contra o projeto de lei, a matéria foi aprovada tanto pela Câmara dos Deputados quanto pelo Senado. Entretanto, Vázquez, que é médico, afirmou que não concorda com o aborto "nem filosoficamente nem biologicamente". Os bispos uruguaios emitiram um comunicado no sábado afirmando que todos os parlamentares que apoiassem a medida seriam automaticamente excomungados.
Pesquisas revelam que perto de 33 mil abortos são realizados no país anualmente, a um custo de perto de US$ 800 cada. Três médicos uruguaios foram presos neste ano por realizar o procedimento. A maioria dos países da América Latina permite o aborto apenas em casos de estupro, quando a mãe corre risco de morte ou quando o feto tem sérias deformidades. Apenas Cuba e Guiana permitem o aborto sem restrições. Na Cidade do México, o aborto sem limitações foi aprovado no primeiro trimestre, porém é proibido no resto do território mexicano. (AE)


meu comentário: a Igreja e os esquerdóides como Vasquez que se fodam...quem manda no corpo da mulher é ela mesma, e não algum bispo pedófilo que não vai gastar um tostão do dinheiro da Igreja para cuidar de crianças abandonadas ou deixar correr uma lágrima por uma mãe em desespero que fez um aborto clandestino e morreu por isso. Se mães católicas querem ter filhos, que tenham, assim como muçulmanos não comem carne de porco e judeus não fazem nada no sábado: é uma questão de fé individual e não pode, em nenhuma hipótese, ser imposta a quem não é católico. A Ciência é clara: até 3 meses, o ser humano não tem conciência, sede de vida, portanto o aborto não "mata" ninguém, já que um monte de células, ainda que se reproduzindo, não constitui Vida humana, mas apenas vida, como qualquer outra. Para ser coerente com a idéia da Igreja e proibir o aborto em qualquer época, então teríamos que ser, necessariamente, vegetarianos, já que um boi adulto sofre mais com a morte do que um feto de 3 meses, que repito, nem consciência plena tem. Sem contar que legalizar o aborto é salvar vidas humanas, pois a mães, as mais pobres, em desespero por terem filhos sem condições, acabam se matando ao fazer o aborto clandestino. Já passou de hora de no Brasil separarmos em definitivo o que é imposição religiosa do que é direito individual.

Monday, November 10, 2008

Meu mais novo ídolo....

Deus parece odiar criancinhas.... pelo menos é o quis a Bíblia, no livro dos Reis, Antigo Testamento, Segundo Reis, VI, ciclo de Eliseu, cap.2:
"De lá (Eliseu) subiu a betel: ao subir pelo caminho, uns rapazinhos que saíram da cidade zombaram dele, dizendo:"sobe, careca! sobe, careca!". Eliseu virou-se, olhou para eles e os amaldiçoou em nome de Iahweh. Então saíram do bosque duas ursas e despedaçaram 42 deles. Dali foi para o monte Carmelo e depois voltou para Samaria".

Eliseu foi um dos grandes reis de Israel, igualmente profeta, posterior ao grande Elias. Esse singelo relato está no capítulo 2 de seu livro, num trecho chamado "dois milagres de Eliseu": no primeiro, ele ele torna a água insalubre de uma cidade própria ao consumo, no segundo, ursas selvagens despedaçam 42 criancinhas....

Wednesday, November 05, 2008

Kbô!

No período do governo Lula, desde 2003, o mundo foi totalmente favorável. Eis o que mudou:

. Saem a abundância de capitais baratos e o forte fluxo de investimentos estrangeiros; entram o encarecimento e a escassez do crédito e a fuga de capitais;

. Saem os preços elevados dos produtos de exportação, puxados pela alta demanda mundial, entram os preços em queda, impostos por recessão e desaceleração globais;

. Logo, saem os superávits enormes no comércio externo, entra, em breve, o déficit;

. Logo, sai a valorização do real, que derruba a inflação, entra a valorização do dólar, que é pressão inflacionária;

. Com menos investimento e menos consumo, por escassez de crédito e capitais e por juros elevados, o país cresce menos e, logo, o governo arrecada menos.

A crise global apanha o país de mesmo modo que a bonança global de 2003 a 2007 beneficiou largamente.


Este texto acima é do blog do Carlos Alberto Sardenberg, aliás um ótimo blog de economia, cujo endereço é:

http://colunas.g1.com.br/sardenberg/

Feita a propaganda de gente muito melhor que eu, aqui vai meu imbecil comentário...

Lula foi antes de tudo um surfista sortudo. Não que surfistas não tenham algum mérito, afinal manter-se em cima de um pedaço flutuante em uma onda gigante é tarefa das mais difíceis. Não que os sortudos também não tenham mérito: eu mesmo, sou um azarado do caralho.
Mas para um presidente, ser APENAS um surfista sortudo é muito pouco. Ainda mais para quem disputou várias eleições presidenciais. E ainda mais para quem pertence a um partido que durante duas décadas fez oposição no Brasil, alardeando ser diferente, e melhor, do que os outros.
A breve mas precisa análise do Sardenberg acima que eu piratei é fundamental para entender dois processos: 1-porque Lula deu certo até agora. 2-porque Lula não dará certo a partir de agora. Durante os anos de ouro de Lula, a economia mundial foi muito bem, obrigado. Com a exportação bombando lá fora, muito dinheiro entrou no Brasil, gerando um círculo virtuso: mais dólares, menor cotação, que quer dizer menor inflação, que quer dizer menor taxa de juros, que quer dizer mais crescimento interno, que quer dizer mais empregos, que quer dizer mais arrecadação de impostos. Enquanto a exportação bombava, não só em quantidade, mas em preços mais altos de commodities, a economia interna do Brasil foi bem, e o governo foi junto. Verdade que Lula não atrapalhou: não deu o calote na dívida externa ou interna como sempre pregou o PT e ainda prega o PSTU, o Pinho-Sol e outros micro-partidos da esquerda stalinista perdida por aí. Lula não fez besteira com o Banco Central, entregando-o a algum petista demente, mas antes, colocou lá um técnico, experiente banqueiro, Henrique Meirelles, o verdadeiro auto do "milagre" lulista: crescimento com inflação baixa. Lula não expulsou os "capitalistas" como durante anos seu PT sempre pregou, mas antes, atraiu iniciativa privada. Até mesmo as privatizações, tão duramente criticadas pelo PT, foram mantidas, evitando as bobagens de um Evo Morales ou um Correia ou ainda pior, um Chávez. Comparado a esses dementes, Lula é um presidente sueco.
Porém, com a crise, a era Lula acabou. Nem mesmo o melhor surfista conquista todas as ondas. Uma hora, alguma onda o derruba.

Saem a abundância de capitais baratos e o forte fluxo de investimentos estrangeiros; entram o encarecimento e a escassez do crédito e a fuga de capitais

agora, o governo vai ver o crescimento industrial diminuir, o mesmo crescimento impulsionado pelo crédito barato que cresceu muito.

Com menos investimento e menos consumo, por escassez de crédito e capitais e por juros elevados, o país cresce menos e, logo, o governo arrecada menos.

Sai o emprego formal batendo recorde e entra o fantasma do desemprego. Principalmente, entra a menor arrecadação de impostos. Com menos dinheiro em caixa, o governo não poderá manter o festival irracional de gastos que manteve até agora, distribuindo cargos públicos para petistas, criando 37 ministérios, inventando bobagens como PAC.Terá que gastar menos.


Saem os preços elevados dos produtos de exportação, puxados pela alta demanda mundial, entram os preços em queda, impostos por recessão e desaceleração globais;

. Logo, saem os superávits enormes no comércio externo, entra, em breve, o déficit;

. Logo, sai a valorização do real, que derruba a inflação, entra a valorização do dólar, que é pressão inflacionária;

Com déficit nas contas externas, voltam as fragilidades do Brasil: péssima infra-estrutura que encarece os produtos, ausência de uma real política de desenvolvimento tecnológico de longo prazo, deficiência crônica da burocracia dos impostos que encarece drasticamente a exportação. Enquanto a soja custava caro, tudo isso era esquecido, com preços em queda, os problemas crônicos tornam a aparecer.
E principalmente, com crédito fácil, o consumo aumenta, fazendo o brasileiro esquecer o principal: somos roubados pelo governo que cobra impostos demais para sustentar um estado inútil e grande demais; todo comprava carro com prestação baixa, esquecendo que o carro brasileiro tem 40% de imposto. Com o juro mais difícil e alto, o preço do carro volta a ficar caro.
Enquanto tudo ia bem, Lula empurrou com a barriga os reais problemas econômicos do pais: não privatizou setores importantes da infra-estrutura (portos, aeroportos, estradas) por firulas ideológicas esquerdóides do PT, agora que o crédito externo secou, o governo não tem mais dinheiro para modernizar a infra-estrutura, nem dá pra privatizar nada nem que queira: ficamos com as estradas esburacadas.
Enquanto tudo ia bem, o consumo aumentava, mas a carga tributária ficava igual. Com o menor consumo, os altos impostos que diminuem o padrão de vida dos brasileiros voltam a pesar.
Enquanto tudo ia bem, Lula gastava dinheiro. Agora o dinheiro dos impostos vai secar.
Até 2008, o Brasil era o país do milagre do Lula. Então a realidade chegou.