Wednesday, November 05, 2008

Kbô!

No período do governo Lula, desde 2003, o mundo foi totalmente favorável. Eis o que mudou:

. Saem a abundância de capitais baratos e o forte fluxo de investimentos estrangeiros; entram o encarecimento e a escassez do crédito e a fuga de capitais;

. Saem os preços elevados dos produtos de exportação, puxados pela alta demanda mundial, entram os preços em queda, impostos por recessão e desaceleração globais;

. Logo, saem os superávits enormes no comércio externo, entra, em breve, o déficit;

. Logo, sai a valorização do real, que derruba a inflação, entra a valorização do dólar, que é pressão inflacionária;

. Com menos investimento e menos consumo, por escassez de crédito e capitais e por juros elevados, o país cresce menos e, logo, o governo arrecada menos.

A crise global apanha o país de mesmo modo que a bonança global de 2003 a 2007 beneficiou largamente.


Este texto acima é do blog do Carlos Alberto Sardenberg, aliás um ótimo blog de economia, cujo endereço é:

http://colunas.g1.com.br/sardenberg/

Feita a propaganda de gente muito melhor que eu, aqui vai meu imbecil comentário...

Lula foi antes de tudo um surfista sortudo. Não que surfistas não tenham algum mérito, afinal manter-se em cima de um pedaço flutuante em uma onda gigante é tarefa das mais difíceis. Não que os sortudos também não tenham mérito: eu mesmo, sou um azarado do caralho.
Mas para um presidente, ser APENAS um surfista sortudo é muito pouco. Ainda mais para quem disputou várias eleições presidenciais. E ainda mais para quem pertence a um partido que durante duas décadas fez oposição no Brasil, alardeando ser diferente, e melhor, do que os outros.
A breve mas precisa análise do Sardenberg acima que eu piratei é fundamental para entender dois processos: 1-porque Lula deu certo até agora. 2-porque Lula não dará certo a partir de agora. Durante os anos de ouro de Lula, a economia mundial foi muito bem, obrigado. Com a exportação bombando lá fora, muito dinheiro entrou no Brasil, gerando um círculo virtuso: mais dólares, menor cotação, que quer dizer menor inflação, que quer dizer menor taxa de juros, que quer dizer mais crescimento interno, que quer dizer mais empregos, que quer dizer mais arrecadação de impostos. Enquanto a exportação bombava, não só em quantidade, mas em preços mais altos de commodities, a economia interna do Brasil foi bem, e o governo foi junto. Verdade que Lula não atrapalhou: não deu o calote na dívida externa ou interna como sempre pregou o PT e ainda prega o PSTU, o Pinho-Sol e outros micro-partidos da esquerda stalinista perdida por aí. Lula não fez besteira com o Banco Central, entregando-o a algum petista demente, mas antes, colocou lá um técnico, experiente banqueiro, Henrique Meirelles, o verdadeiro auto do "milagre" lulista: crescimento com inflação baixa. Lula não expulsou os "capitalistas" como durante anos seu PT sempre pregou, mas antes, atraiu iniciativa privada. Até mesmo as privatizações, tão duramente criticadas pelo PT, foram mantidas, evitando as bobagens de um Evo Morales ou um Correia ou ainda pior, um Chávez. Comparado a esses dementes, Lula é um presidente sueco.
Porém, com a crise, a era Lula acabou. Nem mesmo o melhor surfista conquista todas as ondas. Uma hora, alguma onda o derruba.

Saem a abundância de capitais baratos e o forte fluxo de investimentos estrangeiros; entram o encarecimento e a escassez do crédito e a fuga de capitais

agora, o governo vai ver o crescimento industrial diminuir, o mesmo crescimento impulsionado pelo crédito barato que cresceu muito.

Com menos investimento e menos consumo, por escassez de crédito e capitais e por juros elevados, o país cresce menos e, logo, o governo arrecada menos.

Sai o emprego formal batendo recorde e entra o fantasma do desemprego. Principalmente, entra a menor arrecadação de impostos. Com menos dinheiro em caixa, o governo não poderá manter o festival irracional de gastos que manteve até agora, distribuindo cargos públicos para petistas, criando 37 ministérios, inventando bobagens como PAC.Terá que gastar menos.


Saem os preços elevados dos produtos de exportação, puxados pela alta demanda mundial, entram os preços em queda, impostos por recessão e desaceleração globais;

. Logo, saem os superávits enormes no comércio externo, entra, em breve, o déficit;

. Logo, sai a valorização do real, que derruba a inflação, entra a valorização do dólar, que é pressão inflacionária;

Com déficit nas contas externas, voltam as fragilidades do Brasil: péssima infra-estrutura que encarece os produtos, ausência de uma real política de desenvolvimento tecnológico de longo prazo, deficiência crônica da burocracia dos impostos que encarece drasticamente a exportação. Enquanto a soja custava caro, tudo isso era esquecido, com preços em queda, os problemas crônicos tornam a aparecer.
E principalmente, com crédito fácil, o consumo aumenta, fazendo o brasileiro esquecer o principal: somos roubados pelo governo que cobra impostos demais para sustentar um estado inútil e grande demais; todo comprava carro com prestação baixa, esquecendo que o carro brasileiro tem 40% de imposto. Com o juro mais difícil e alto, o preço do carro volta a ficar caro.
Enquanto tudo ia bem, Lula empurrou com a barriga os reais problemas econômicos do pais: não privatizou setores importantes da infra-estrutura (portos, aeroportos, estradas) por firulas ideológicas esquerdóides do PT, agora que o crédito externo secou, o governo não tem mais dinheiro para modernizar a infra-estrutura, nem dá pra privatizar nada nem que queira: ficamos com as estradas esburacadas.
Enquanto tudo ia bem, o consumo aumentava, mas a carga tributária ficava igual. Com o menor consumo, os altos impostos que diminuem o padrão de vida dos brasileiros voltam a pesar.
Enquanto tudo ia bem, Lula gastava dinheiro. Agora o dinheiro dos impostos vai secar.
Até 2008, o Brasil era o país do milagre do Lula. Então a realidade chegou.

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