Tuesday, November 25, 2008

Já era tarde...

Devo dizer que fiquei surpreendido desta vez: o governo Lula convocou o embaixador brasileiro no Equador para consultas, após o anúncio de que o demente do presidente daquele país iria dar, como de fato deu, calote no empréstimo que o BNDES deu para a construção , já concluída aliás, de uma usina hidrelétrica.
Chamar o embaixador para consultas é algo, na linguagem diplomática, grave: equivale a dizer que o país que o chamou de volta, no caso o Brasil, está realmente muito chateado com a atitude do Equador. O próximo passo, caso ele exista, deverá ser o rompimento de relações diplomáticas.
Devo dizer: fiquei surpreso. Não esperava tal atitude no governo Lula, que ficou conhecido por sua leniência exagerada com os destemperos de alguns dementes presidentes da América do Sul.
Em primeiro lugar, as atitudes loucas de Chávez, que em meio à crise dos reféns na Colômbia e o ataque aéreo contra o grupo narco-terrorista Farc, levou tropas a sua fronteira com a Colômbia, jogando gasolina no fogo: tal atitude, irresponsável, inútil e no limite, estúpida, deveria ter sido duramente criticada pelo Brasil, que preferiu o silêncio.
Outros rompantes delirantes da "esquerda" latrino-americana: o rompimento unilateral dos contratos com a Petrobrás na Bolívia, com uso inclusive de tropas para invadir instalações da empresa por lá. O Brasil, mais uma vez, reagiu timidamente, quando a situação, sem necessidade de medidas igualmente espalhafatosas, pedia uma reação serena mas firme.
O Brasil de Lula vê a "esquerda" latrina americana como messiânica e salvacionista: Correa no Equador, Chávez na Venezuela, Lagos no Paraguai, Vásquez no Uruguai, Morales na Bolívia, são todos vistos por altos membros do governo Lula como aliados... mas como diria ironicamente, "muy amigos" : Morales prejudicou a Petrobrás na Bolívia, Lagos quer aumentar o valor da energia de Itaipu, Correa prejudiou a Odebrecht e Chávez chega ao extremo de financiar campanhas políticas em outros países, como na Argentina, numa clara violação do mais básico Direito Internacional. Como se vê, e o episódio é didático, a "esquerda" latrina americana é histriônica, infantil, messiânica, burra e no limite, agressiva, sempre pronta a comprar briga com "imperialismos" imaginários, sejam americanos, ou no caso, brasileiros.
Cabe ao Brasil selecionar melhor seus parceiros econômicos e políticos: um caso como da Odebrecht jamais ocorreria no Chile, governado pela esquerda, mas por uma esquerda moderna, inteligente, em sintonia com o século XXI, não com o programa do PC da URSS dos anos 1930. Num país "sério", uma empresa estrangeira pode ser punida caso cometa algum delito, mas com os meios jurídicos normais e formais, e não com rompantes nacionalistas, discursos inflamados e funcionários estrangeiros presos por tropas do exército e deportados sumariamente em 24 horas. Interessante notar que idiotas esquerdistas,como a revista CartaCapital, calam-se diante do episódio, pois como não dá pra defender imbecilidade tamanha, é melhor simplesmente fingir que ela não existe. Todo o episódio traz importantes lições:

1-há esquerdas e esquerdas; há Chile e Venezuela, ambos de esquerda, mas uma delas está no tempo histórico correto, outra no mundo da fantasia.

2-a esquerda brasileira precisa ser mais crítica e menos emocional, política internacional não é jogo de futebol, no qual se torce pelo Chávez como se torce pelo Cotinthians....há muito boboca de esquerda por aí que acha um Chávez ou um Correa lindos, só por que eles falam mal do "imperialismo" e querem "defender o povo". Políticas de esquerda agressiva e burras são apenas políticas agressivas e burras e não devem ser elogiadas só por que vêem travestidas de um lindo discurso social e nacionalista.

3-O Brasil deve escolher seus parceiros com base em fatos, não em discursos. Morales pode ser um lindo índio governando um país que sempre os desprezou, mas mesmo assim, deve ser tratado de modo firme quando agride leis internacionais e empresas brasileiras. E o mesmo vale para todos os outros presidentes de esquerda.

4-O Brasil hoje é maior que a América Latina: algumas empresas brasileiras são verdadeiras multinacionais. Quem sabe precisamos de alguns conselhos de americanos sobre como enfrentar nacionalismos extremados em outros lugares... não deixa de ser um bom sinal de crescimento e maturidade econômica.

5-O recado que o Brasil deu é claro: chega de ser alvo preferencial do nacionalismo idiota de líderes que se acham messias: não tenha dúvida, depois desse recado, um Lagos no Paraguai vai pensar duas vezes antes de querer aumentar a energia de Itaipu sem negociação. Não se trata de impor, pela força, o tamanho do Brasil aos nossos vizinhos. Mas apenas de marcar posição: negociar não é brigar. Taí uma lição que a maioria da esquerda nacionalista e caudilhesca latrino-americana deve aprender.

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