Monday, June 16, 2008

Dois exemplos

veja esses dois textos que retirei do blog do Noblat:

No dia 12 de fevereiro último, Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo no Senado, recebeu por celular uma mensagem de Tereza, sua ex-mulher e ex-prefeita de Boa Vista. Dizia assim: “Não tenho mais nada a perder. Você destruiu a minha vida”.
Jucá respondeu prometendo que “resolveria tudo”. O casal Jucá é campeão de processos na Justiça. E Tereza estava desempregada.
Na semana passada ela foi nomeada secretária nacional de Programas Urbanos do Ministério das Cidades com salário mensal de R$ 10 mil. Quanto aos processos, a maioria dorme em gavetas de tribunais e da Receita Federal.

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Nos exatos 14 meses e 11 dias em que comandou o Ministério do Turismo, Marta Suplicy (PT) teve sob sua caneta um orçamento de R$ 4,5 bilhões, valor 27% superior ao que Walfrido dos Mares Guia (PTB), seu antecessor, contou em quatro anos de mandato.
No período de Walfrido, suas Minas Gerais concentraram o maior volume de recursos. Sob Marta, São Paulo foi ao topo. E a prefeitura da capital, que ela tentará reconquistar em outubro, firmou os primeiros quatro convênios de sua história com o ministério. Responsável por um orçamento de pouco mais de R$ 470 milhões (valores atualizados) em 2003, ano de sua criação, o Ministério do Turismo assumiu musculatura financeira a partir de 2005 (R$ 1,1 bilhão), ainda na gestão de Walfrido, graças a recursos patrocinados por emendas feitas pelos congressistas ao Orçamento.
No último ano completo da gestão Walfrido, em 2006, o orçamento continuou alto (R$ 1,3 bilhão), mas assistiu a novos saltos nos dois anos seguintes, período que abrange a gestão Marta -R$ 1,9 bilhão em 2007, e R$ 2,7 bilhões neste ano, sempre em valores corrigidos. De 2004 a 2008, Turismo subiu do 17º maior orçamento entre os Ministérios para o 12º. Assinante da Folha leia mais em: Marta teve mais verba e favoreceu SP no Turismo


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O que esses dois episódios têm em comum? Vc, trouxa, que paga impostos no Brasil.
Note como nos dois pequeninos episódios o dinheiro público, arrecadado à força do trabalho e da dignidade de alguns milhões de trouxas-cidadãos brasileiros, é usado, sem maiores cerimônias, no interesse privado: de um lado, um senador que cria um cargo ASPONE para sua ex-mulher, de outro, uma ministra-inútil que torra mais de um bilhão de reais em sua futura candidatura à prefeitura de São Paulo. E ainda por cima, o atual governo tem a cara de pau de querer aumentar impostos, recriando a CPMF agora com o nome piada-pronta de CSS, a Contribuição Sem Sentido, para financiar a saúde.....então tá combinado: vc paga impostos que deveriam ir pra Saúde, mas vão parar no bolso da Marta e de uma certa Tereza nem sei do quê....É por isso que no Brasil, a sonegação assume ares de luta pelos direitos civis, contra um Estado corrupto, corruptor e ineficiente. Agora multiplique esses dois textos pelo número de ministérios que existem no desgoverno Lula, 37 , e verá o tamanho do rombo que temos que pagar, todo ano, todo mês, todo dia....é estarrecedor.

Thursday, June 12, 2008

Ele está preparado?

Sim, a inflação voltou.
Não a hiperinflação dos anos 80/90, que chegou a mais de 1000% ao ano, mas uma inflação persistente, forte e ativa nos alimentos, justo nos gêneros mais importantes.
As causas são variadas, mas o eixo central é o petróleo batendo nos 130 dólares e subindo, com alguns palpiteiros dizendo que poderia alcançar os 150 ou até os 180 dólares: há um ano, o preço era 60....
Mas se a resposta para a pergunta: "a inflação voltou?" é sim, a outra pergunta é: o atual governo está preparado?
Pois o governo Lula foi sábio em manter as linhas gerais da política econômica do governo FHC que conseguiu matar um desastre que destruiu a economia brasileira e a vida de todos nós durante duas décadas. Não foi somente esperto em manter as mesmas idéias centrais do controle inflacionário de FHC, como teve sorte: em seu governo, as exportações aumentaram, os preços dos produtos vendidos pelo Brasil no exterior dispararam: conclusão: pagamos o FMI, eliminamos o déficit comercial crônico dos anos 90, aumentamos as reservas internacionais, pudemos diminuir juros, a economia cresceu, os empregos também..... Agora a sorte acabou. O período que se avizinha no horizonte é perigoso: de um lado, inflação crescente no mundo todo com o choque do petróleo, de outro lado, estagnação americana....será que o governo Lula, sortudo que foi até agora, terá competência para gerir uma crise econômica mundial? O governo FHC teve pelo menos 3 graves crises que quase levaram o Brasil a quebradeira, como ocorreu com a Argentina. E agora, Lula?
Os sinais não são muito bons. O atual governo aumenta impostos, gasta muito e gasta mal. Isso por sí só já é potencialmente fonte de preocupação, embora a situação seja de superávit fiscal. Mas e se a economia andar pra trás? O atual governo iria diminuir impostos para evitar ter déficit fiscal ou continuaria a gastança irresponsável? E se os preços das commodities internacionais diminuírem, como começa a ocorrer, e as exportações brasileiras também forem ladeira abaixo? O governo vai ter competência para gerenciar um amplo apoio as exportações, substituindo gargalos graves de infra-estrutura do país, como transporte e energia?
Parece que a sorte lulista chegou ao fim: agora tá na hora de governar, e não apenas surfar na boa maré e fazer discursos inflamados sobre lugares-comuns. Ele está preparado?

Tuesday, June 03, 2008

volta da Filosofia e da Sociologia no currículo do EM

O Congresso, aliás sempre pronto a fazer cagadas, acaba de aprovar, na verdade, ressuscitar, um projeto que propõe a volta de Filosofia e Sociologia nos currículos do Ensino Médio no Brasil.
Ressuscitou, porque esse projeto já tinha sido aprovado pelo Congresso, mas vetado pelo presidente FHC (ironicamente, um sociólogo....) sob o argumento de que não era necessário duas matérias específicas no currículo, já que seus temas poderiam ser tratados de forma interdisciplinar em outras matérias.
Se sou a favor a volta ou não das duas disciplinas ? O problema é bem mais complexo....

Já existiram as duas disciplinas nos anos 50 e 60 nas escolas do Brasil, mas com o regime militar, foram substituídas pela odiosa Educação Moral e Cívica e pelo ainda pior Organização Social e Política do Brasil, OSPB, ambas de cunho nacionalista e governista, criadas para substituir as Filosofia e Sociologia, que eram de cunho crítico e quase sempre ministradas por professores de formação marxista ou pelo menos críticos ao governo. Quando veio a democracia, OSPB e EMC foram simplesmente extintas, mas não voltaram Filosofia e Sociologia. ( em alguns estados, como o Paraná, elas existem no currículo, em SP, apenas no 1 EM das escolas públicas e elas não caem nos grandes vestibulares paulistas). Sob esse ponto de vista, é realmente interessante a volta dessas duas disciplinas, já que elas iriam ocupar um espaço que ficou vazio quando da retirada das duas odiosas matérias do regime militar.
Seria assim fácil se não fosse muito mais complicado....
em primeiro lugar: quem vai dar essas duas disciplinas ? claro, professores formados em Filosofia e Sociologia..... pergunta: cadê?
As faculdades de Filosofia e de Ciências Sociais formam, hoje, poucos graduados, o que equivale dizer que, no caso de uma hora para outra voltassem as disciplinas, seriam necessários alguns milhares de professores, que simplesmente não existem. Para se ter uma idéia, até mesmo professores de áreas clássicas e consagradas como Física, Matemática e Química estão em terrível falta no mercado, dado os baixos salários, principalmente na rede pública.....o que dizer então de matérias que nem têm hoje esses professores?
Mas o maior problema não é esse: o modelo educacional brasileiro está errado. Esse modelo, baseado nas teorias mirabolantes e tolas de Paulo Freire e seguidores, estimula a incompetência, valoriza a preguiça, odeia a cultura. A escola hoje é quase um espaço de barbárie. Algumas particulares e outras, mais raras ainda, públicas, se salvam. O resto é um buraco negro de desperdício de dinheiro público e de tempo, dos alunos e dos professores, misturado a uma peidagorréia inútil recheada de discursos messiânicos com toques de " Ao Mestre com Carinho".
Num modelo desses, NADA funciona. Não adianta querer introduzir essa ou aquela matéria, aumentar um ano no ensino médio, outro projeto em discussão, criar lindas escolas públicas com piscinas e teatros.... Vai dar errado, porque o modelo está errado.
Enquanto não voltar a repetência, e não a atual premiação para quem não estuda,a ênfase no conteúdo, e não a atual ênfase numa suposta "reflexão" dos alunos em assuntos que eles desconhecem, e a avaliação, tanto de alunos como de professores, coisas aliás simples que as particulares conseguem fazer e as públicas não, qualquer matéria a mais no currículo será apenas um desperdício de dinheiro público a mais, sem resultado.
Nos anos 30 aliás, Música era disciplina obrigatória no currículo, assim como Latim, Francês e Caligrafia.... o responsável pela disciplina de Música era o maestro Villa-Lobos. Ah! como o Brasil retrocedeu desde então...

Monday, June 02, 2008

O monstro

O monstro está de volta?
Esta é a pergunta que ronda a mente de qualquer pessoa minimamente informada hoje no Brasil: e o monstro se chama inflação.
Perdemos 20 anos de nossas vidas por causa dela. Eu bem me lembro dos anos pré-real: tínhamos uma moeda, o cruzeiro, que valia nada. Qualquer coisa custava mil, dois mil cruzeiros. Houve uma época em que todo o brasileiro era milionário, já que o salário mínimo tinha alcançado 1 milhão de cruzeiros. Os preços subiam por volta de 2 % AO DIA. Era impossível planejar nada: tudo o que temos hoje, financiamento de carros em 72 meses, de casas em 30 anos, aposentadoria privada, viagens em 12 meses, enfim, tudo: nada era possível na época na inflação, quando ao receber o salário, vc ia correndo até o supermercado mais próximo comprar o máximo que pudesse, pois sabia que na próxima semana, tudo já tinha preço diferente.
Esse pesadelo tem uma origem conhecida: o descontrole dos gastos públicos durante o final do governo militar. Enormes dívidas já eram conhecidas desde a época sombria de JK, que levou o cimento de Brasílio via avião até o planalto central. Mas foi com a crise mundial de 73 , o primeiro choque do petróleo, aliado a enormes gastos governamentais que levou o governo a emitir dinheiro sem controle, iniciando um ciclo inflacionário que destruiu o governo militar, afundou a nascente democracia brasileira em 85 e só foi derrotada quando houve o Plano Real em 95.
O PT criticou o Plano Real: como aliás criticou tudo o que havia no governo FHC, inclusiva as coisas boas, como a abertura econômica e algumas privatizações necessárias. Quando Lula assumiu o governo, ficou claro que aquela crítica era só mentira: a primeira coisa que Lula fez, com sabedoria pragmática, foi manter a inflação sob controle.
Mas a situação hoje é outra: temos outro choque do petróleo, tão ou ainda maior que o de 73, e temos ums crise alimentar mundial. Ao mesmo tempo, é extremamente preocupante que o governo petelho esteja aumentado os gastos estatais de forma absurda, claro, para acomodar tantos apadrinhamentos e safadezas. A situação é delicada:é urgente um corte radical na lógica petista de mais gastos-mais arrecadação. O monstro pode voltar.