Tuesday, June 03, 2008

volta da Filosofia e da Sociologia no currículo do EM

O Congresso, aliás sempre pronto a fazer cagadas, acaba de aprovar, na verdade, ressuscitar, um projeto que propõe a volta de Filosofia e Sociologia nos currículos do Ensino Médio no Brasil.
Ressuscitou, porque esse projeto já tinha sido aprovado pelo Congresso, mas vetado pelo presidente FHC (ironicamente, um sociólogo....) sob o argumento de que não era necessário duas matérias específicas no currículo, já que seus temas poderiam ser tratados de forma interdisciplinar em outras matérias.
Se sou a favor a volta ou não das duas disciplinas ? O problema é bem mais complexo....

Já existiram as duas disciplinas nos anos 50 e 60 nas escolas do Brasil, mas com o regime militar, foram substituídas pela odiosa Educação Moral e Cívica e pelo ainda pior Organização Social e Política do Brasil, OSPB, ambas de cunho nacionalista e governista, criadas para substituir as Filosofia e Sociologia, que eram de cunho crítico e quase sempre ministradas por professores de formação marxista ou pelo menos críticos ao governo. Quando veio a democracia, OSPB e EMC foram simplesmente extintas, mas não voltaram Filosofia e Sociologia. ( em alguns estados, como o Paraná, elas existem no currículo, em SP, apenas no 1 EM das escolas públicas e elas não caem nos grandes vestibulares paulistas). Sob esse ponto de vista, é realmente interessante a volta dessas duas disciplinas, já que elas iriam ocupar um espaço que ficou vazio quando da retirada das duas odiosas matérias do regime militar.
Seria assim fácil se não fosse muito mais complicado....
em primeiro lugar: quem vai dar essas duas disciplinas ? claro, professores formados em Filosofia e Sociologia..... pergunta: cadê?
As faculdades de Filosofia e de Ciências Sociais formam, hoje, poucos graduados, o que equivale dizer que, no caso de uma hora para outra voltassem as disciplinas, seriam necessários alguns milhares de professores, que simplesmente não existem. Para se ter uma idéia, até mesmo professores de áreas clássicas e consagradas como Física, Matemática e Química estão em terrível falta no mercado, dado os baixos salários, principalmente na rede pública.....o que dizer então de matérias que nem têm hoje esses professores?
Mas o maior problema não é esse: o modelo educacional brasileiro está errado. Esse modelo, baseado nas teorias mirabolantes e tolas de Paulo Freire e seguidores, estimula a incompetência, valoriza a preguiça, odeia a cultura. A escola hoje é quase um espaço de barbárie. Algumas particulares e outras, mais raras ainda, públicas, se salvam. O resto é um buraco negro de desperdício de dinheiro público e de tempo, dos alunos e dos professores, misturado a uma peidagorréia inútil recheada de discursos messiânicos com toques de " Ao Mestre com Carinho".
Num modelo desses, NADA funciona. Não adianta querer introduzir essa ou aquela matéria, aumentar um ano no ensino médio, outro projeto em discussão, criar lindas escolas públicas com piscinas e teatros.... Vai dar errado, porque o modelo está errado.
Enquanto não voltar a repetência, e não a atual premiação para quem não estuda,a ênfase no conteúdo, e não a atual ênfase numa suposta "reflexão" dos alunos em assuntos que eles desconhecem, e a avaliação, tanto de alunos como de professores, coisas aliás simples que as particulares conseguem fazer e as públicas não, qualquer matéria a mais no currículo será apenas um desperdício de dinheiro público a mais, sem resultado.
Nos anos 30 aliás, Música era disciplina obrigatória no currículo, assim como Latim, Francês e Caligrafia.... o responsável pela disciplina de Música era o maestro Villa-Lobos. Ah! como o Brasil retrocedeu desde então...

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