Monday, March 17, 2008

Idéia para a educação - parte 1

Interessante a entrevista desta segunda-feira do economista metido a entendido de educação Cláudio Correa e Castro (ele também escreve na Veja). Apesar de algumas idéias dele que acho fraquíssimas, só mesmo quem nunca deu uma aula na vida pra falar o que ele às vezes fala, ele aponta alguns itens muito importantes.
O primeiro: as escolas de periferia são uma porcaria não porque para elas faltem teorias educacionais, professores ultra-competentes ou super-computadores, mas porque falta o básico: paz. Ou seja, não é uma escola, é uma praça de guerra, em suas palavras. Verdade. Não há condição de estudo ainda que mínimo, num lugar onde os "alunos" ameaçam professores, funcionários ou outros alunos com facas e armas de fogo, onde traficantes dizem a que horas as aulas terminam e onde qualquer professor que tente impor alguma disciplina e algum ensino seja ameaçado. Apesar do economista ter apontado o erro, e também o caminho pois é preciso primeiro pacificar a escola, ele esqueceu de dizer o COMO: e isso é simples, expulsar os que não querem estudar. Note que coloquei duas vezes a palavra aluno, uma delas entre aspas. Ora, uma coisa é um aluno pobre, sem nenhuma condição financeira, que precisa ser ajudado até a comprar um lápis. Outra, bem diferente, é um bandido armado que ameaça todo mundo, trafica, usa drogas, rouba e, é claro, nunca estuda. Um dos dogmas centrais da educação de esquerda hoje, praticada tanto por PT como PSDB é que nunca se deve expulsar um aluno da escola. Bobagem, um "aluno" desses deixou de ser aluno há muito tempo, mantê-lo na escola é perda de tempo pra ele e principalmente perda de condições mínimas para os outros alunos, que precisam e querem estudar. O discurso de que "todos devem ter acesso a escola" esconde que hoje, "alunos" são confundidos com alunos, ou seja, bandidos violentos, ou aprendizes de, convivem com alunos pobres que só tem a chance de estudar nestas escolas e é claro, naquelas condições, nunca conseguirão. É pura bobagem imaginar que professores e diretores vão conseguir "converter" bandidos em alunos, versão idealizada e tola de algum filme tipo "Ao mestre com carinho". Se o "aluno" vem para escola armado, isso se chama porte ilegal de arma, tipificado no código penal e pronto. Por que o aluno pobre é obrigado a conviver com bandido dentro da escola? É nojenta a idéia de que expulsar bandido disfarçado de aluno é "exclusão escolar": exclusão é uma escola dominada pela violência, na qual os mais pobres não têm a menor chance de estudar e melhorar de vida, só porque meia dúzia de sociólogos uspianos disse que teria de ser assim. Eles mesmo não iriam dar aulas num 3 Em noturno em Itaquera...
Portanto, contra o dogma central da "inclusão escolar", todos na escola, proponho outra idéia: todos QUE QUEIRAM ESTUDAR na escola. Isso inclui até mesmo os alunos que têm sérias dificuldades de aprendizagem, mas que estejam pelo menos interessados em superá-las. Não há educação sem interesse. E esse interesse tem que vir do aluno. Se o "aluno" é pouca coisa mais que um aprendiz de bandido, definitivamente seu lugar não é a escola, mas a cadeia ou um centro de detenção agrícola. Idéia violenta, agressiva, excludente ? Então tente dar aula numa escola noturna de periferia, aí depois você me diz se concorda ou não.
Depois eu comento a outra questão levantada pelo economista na entrevista: 71% dos concluintes do Ensino Médio não tem conhecimentos básicos de Matemática no Saresp.

1 Comments:

Blogger ana said...

Henrique,
O que você acha da política de cotas nas universidades? Você acha que isso é algo positivo ou excludente? O que acha também do dia da consciência negra? Poderia escrever um post sobre isso?
Grata.

6:06 PM  

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