Tropa de Elite incomoda e isso é bom.
Recepção crítica do filme Tropa de Elite, no Festival de Cinema de Berlim: texto da Folha de SP
SILVANA ARANTES: Enviada especial a Berlim, da Folha de S.Paulo
O concorrente brasileiro ao Urso de Ouro no Festival de Berlim, "Tropa de Elite", de José Padilha, exibido anteontem, teve uma recepção da crítica dividida entre amores e ódios. Mais ódios do que amores.
A revista norte-americana "Variety", que recentemente incluiu Padilha numa restrita lista de dez diretores em quem se deve prestar atenção, foi especialmente dura com o filme.
Em resenha assinada por Jay Weissberg, a "Variety" atribui a "Tropa de Elite" um "estilo Rambo" e sustenta que ele faz "uma monótona celebração da violência gratuita que funciona como um filme de recrutamento de seguidores fascistas". A "Hollywood Reporter" publicou entrevista e reportagem sobre o filme, com destaque em sua capa da edição de ontem, mas chamou-o de "um filme constrangedor sobre policiais assassinos".
A crítica afirma que "o pressuposto básico do roteiro escrito por Padilha, Rodrigo Pimentel e Bráulio Mantovani é que todo mundo no Rio é corrupto, especialmente as autoridades".
A revista inglesa "Screen", por sua vez, deu ao filme a nota máxima --quatro estrelas, correspondente a "excelente"--, numa crítica farta de elogios.
"A montagem corajosa, a incansável câmera na mão e essa espécie de tom quente e realista conhecido desde "Cidade de Deus" e "Amores Brutos" produzem uma mistura que é mais funcional do que inovadora, embora seja eficiente".
A crítica do jornal francês "Le Monde", publicada no blog de cinema do diário, acusa o filme de fazer apologia da tortura: ""Tropa de Elite" é feito segundo a receita do neoconservadorismo hollywoodiano --montagem frenética, câmera epiléptica, narrativa que não deixa nenhum espaço à ambivalência. Não é preciso ser hipersensível para ver no filme uma apologia da tortura e das execuções extrajudiciais", afirma o crítico Thomas Sotinel.
A reação da imprensa alemã foi desigual. O jornal "Berliner Zeitung" avaliou o filme como "excitante e original", disse que ele apresenta "os diversos lados da questão" e o faz com bom "equilíbrio entre os aspectos ficcional e documental".
Já o "Der Tagesspiegel" disse que, no retrato do "mundo pavoroso e sem lei" que o filme faz, "não há zonas brancas e negras; tudo é escuro". Os dois jornais, no entanto, ressaltaram que "Tropa de Elite" não é fascista. "E nisso [fascismo], como você sabe, somos especialistas", comentou o jornalista alemão.
Padilha acredita que os críticos estrangeiros que atribuíram ao filme um caráter fascista foram influenciados por colegas brasileiros que reprovam "Tropa de Elite" desde a sua estréia no Brasil.
Sobre as resenhas publicadas ontem, o diretor afirmou: "Uns nos acharam inteligentes, outros fascistas. Na verdade, não me preocupo com isso".
meu post: comentários bem humorados e irônicos à parte ( adorei o comentário do jornalista alemão....) o filme de Padilha só é fascista para quem não aguenta o tranco de ver a realidade. Principalmente a esquerda politicamente correta, sempre pronta a ver em qualquer coisa que saia do estreito limite intelectual dela, esquemas conspiratórios da direita fascista ( como a bobagem do Le Monde em ver o filme como neoconservador norte americano!!). "Tropa de Elite" faz pensar porque mostra uma realidade, sem emitir opinião pré-formatada , como adora a mesma esquerda limitada. Ele não faz apologia da tortura, mas mostra como, numa sociedade arruinada pela corrupção e pela droga, com leis obsoletas e autoridades totalmente ausentes, o trabalho policial oscila entre ser torturador e honesto ou ser inepto e corrupto, e isto, o diretor Padilha não elogia, mas apenas denuncia, amplifica, escancara o que todos sabemos. Já vi muita gente dizer que Tropa de Elite é fascista.... curiosa forma de esconder a realidade e evitar o debate, desqualificando de cara o interlocutor. O interessante é que os fascista e nazistas sempre faziam o mesmo, como não queriam debater, classificavam seus críticos de "degenerados" assim como o stalinismo soviético classificava qualquer dissidente de "revisionista". Sinal de que o filme incomoda e por isso mesmo continua sendo ótimo.
SILVANA ARANTES: Enviada especial a Berlim, da Folha de S.Paulo
O concorrente brasileiro ao Urso de Ouro no Festival de Berlim, "Tropa de Elite", de José Padilha, exibido anteontem, teve uma recepção da crítica dividida entre amores e ódios. Mais ódios do que amores.
A revista norte-americana "Variety", que recentemente incluiu Padilha numa restrita lista de dez diretores em quem se deve prestar atenção, foi especialmente dura com o filme.
Em resenha assinada por Jay Weissberg, a "Variety" atribui a "Tropa de Elite" um "estilo Rambo" e sustenta que ele faz "uma monótona celebração da violência gratuita que funciona como um filme de recrutamento de seguidores fascistas". A "Hollywood Reporter" publicou entrevista e reportagem sobre o filme, com destaque em sua capa da edição de ontem, mas chamou-o de "um filme constrangedor sobre policiais assassinos".
A crítica afirma que "o pressuposto básico do roteiro escrito por Padilha, Rodrigo Pimentel e Bráulio Mantovani é que todo mundo no Rio é corrupto, especialmente as autoridades".
A revista inglesa "Screen", por sua vez, deu ao filme a nota máxima --quatro estrelas, correspondente a "excelente"--, numa crítica farta de elogios.
"A montagem corajosa, a incansável câmera na mão e essa espécie de tom quente e realista conhecido desde "Cidade de Deus" e "Amores Brutos" produzem uma mistura que é mais funcional do que inovadora, embora seja eficiente".
A crítica do jornal francês "Le Monde", publicada no blog de cinema do diário, acusa o filme de fazer apologia da tortura: ""Tropa de Elite" é feito segundo a receita do neoconservadorismo hollywoodiano --montagem frenética, câmera epiléptica, narrativa que não deixa nenhum espaço à ambivalência. Não é preciso ser hipersensível para ver no filme uma apologia da tortura e das execuções extrajudiciais", afirma o crítico Thomas Sotinel.
A reação da imprensa alemã foi desigual. O jornal "Berliner Zeitung" avaliou o filme como "excitante e original", disse que ele apresenta "os diversos lados da questão" e o faz com bom "equilíbrio entre os aspectos ficcional e documental".
Já o "Der Tagesspiegel" disse que, no retrato do "mundo pavoroso e sem lei" que o filme faz, "não há zonas brancas e negras; tudo é escuro". Os dois jornais, no entanto, ressaltaram que "Tropa de Elite" não é fascista. "E nisso [fascismo], como você sabe, somos especialistas", comentou o jornalista alemão.
Padilha acredita que os críticos estrangeiros que atribuíram ao filme um caráter fascista foram influenciados por colegas brasileiros que reprovam "Tropa de Elite" desde a sua estréia no Brasil.
Sobre as resenhas publicadas ontem, o diretor afirmou: "Uns nos acharam inteligentes, outros fascistas. Na verdade, não me preocupo com isso".
meu post: comentários bem humorados e irônicos à parte ( adorei o comentário do jornalista alemão....) o filme de Padilha só é fascista para quem não aguenta o tranco de ver a realidade. Principalmente a esquerda politicamente correta, sempre pronta a ver em qualquer coisa que saia do estreito limite intelectual dela, esquemas conspiratórios da direita fascista ( como a bobagem do Le Monde em ver o filme como neoconservador norte americano!!). "Tropa de Elite" faz pensar porque mostra uma realidade, sem emitir opinião pré-formatada , como adora a mesma esquerda limitada. Ele não faz apologia da tortura, mas mostra como, numa sociedade arruinada pela corrupção e pela droga, com leis obsoletas e autoridades totalmente ausentes, o trabalho policial oscila entre ser torturador e honesto ou ser inepto e corrupto, e isto, o diretor Padilha não elogia, mas apenas denuncia, amplifica, escancara o que todos sabemos. Já vi muita gente dizer que Tropa de Elite é fascista.... curiosa forma de esconder a realidade e evitar o debate, desqualificando de cara o interlocutor. O interessante é que os fascista e nazistas sempre faziam o mesmo, como não queriam debater, classificavam seus críticos de "degenerados" assim como o stalinismo soviético classificava qualquer dissidente de "revisionista". Sinal de que o filme incomoda e por isso mesmo continua sendo ótimo.
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