Wednesday, March 29, 2006

Agora é com manteiga

A oposição PFL-PSDB deu um tiro no pé ao conseguir a derrubada de Palocci.
O médico dublê de economista era um fiel seguidor da ortodoxia liberal: corte de gastos, juros altos, inflação baixa, câmbio valorizado, crescimento do PIB pífio. É fácil, todo mundo faz, até quem não entende de economia, como aliás Palocci dizia abertamente.
Com Mantegna, um professor da FGV, seguidor da cartilha desenvolvimentista, a coisa é diferente. Inflação baixa sim, mas com investimento em pontos estratégicos e crescimento econômico. Câmbio flutuante, mas não artificialmente baixo pelos juros estratosféricos, estimulando assim as exportações com cotações mais realistas. É provável que Mantegna queira desde já acelerar uma baixa nos juros. Pode apostar também numa lenta subida do dólar, com cotação perto dos 2,50 para estimular exportações. E não tenha dúvida, haverá controle de gastos do governo, mas com investimentos.
Parece contraditório ? Pois saiba que TODO MUNDO faz isso. Só o Brasil mantinha preso a cartilha ultra liberal, gerando o pior crescimento ano passado do continente, 2,3 % ( ah!, acima do Haiti.....)
Portanto, teremos um desenvolvimentista no ministério, em pleno ano eleitoral......Nem o próprio Lula conseguiria acertar desse jeito. Parabéns a oposição PFL-PSDB: em uma semana conseguiu reeleger Lula. Lançou um candidato insípido, Zeraldo Alckmin, e botou um bom ministro da fazenda, que vai fazer a economia crescer, em pleno ano eleitoral.
O segundo mandato já começou.

Tuesday, March 21, 2006

PSDB para quê?

A disputa aviária entre Serra e Alckmim é assunto de fofoca, tola e mesquinha. A verdadeira pergunta é: Por que o PSDB quer de novo a presidência da República ?
Durante o reinado do sociólogo sórdido e cínico, a dívida pública foi multiplicada por 5. Uma parte dessa herança maldita ( os tucanos berram de ódio quando se usa esse termo, por isso foi usá-lo) está sendo paga pelo Lula, que embora faça um governo ruim, consegue ser menos pior do que foi o de FHC. Até quitamos com o FMi, verdadeiro milagre brasileiro.
Nos mesmo 8 anos de reinação, FHC privatizou quase tudo, faltando alguma jóias da coroa, como a Petrobrás, o Banco do Brasil e a Previdência. O resultado está estampado na sua conta de luz e telefone. Outra herança maldita.
O desemprego no governo Lula é alto, mas declinante, fruto em grande parte de uma crescimento econômico pequeno, mas consistente. Já nos anos FHC a taxa saltou 3 vezes, correndo todo o progresso conquistado em termos de aumento de renda que o trabalhador tinha conseguido com o fim da inflação alta.
Isso sem falar nas maravilhas que é entrar no governo com 65% da população trabalhando com carteira assinada e deixar com 40%. Ou ainda na taxa de juros, a mais obscena do planeta. ( e aliás, ainda continua). Ou nos impostos, que saltaram de 20% para 35% do PIB.
Enfim, a pergunta é : por que o PSDB quer voltar ao governo ? seguida de outra, mais intensa. Você quer que eles voltem ?

Thursday, March 09, 2006

MST

É tola e tosca a argumentação do MST em favor de seu ato de "comemoração" do Dia Internacional da Mulher, destruindo uma fazenda de experimentação genética de eucaliptos da Aracruz Celulose.
"Vamos comer eucaliptos ?" disse a porta voz do MST. Ora, na mesma Porto Alegre existe a fábrica da Dell Computadores, por um acaso o MST quer também destruí-la, afinal não conheço salada de lap top.... Ou ainda, será que o MST quer destruir a fábrica da GM na Grande Porto Alegre, sob a argumentação de que ninguém come para choque de Celta ?
O argumento do "imperialismo" também é tolo. O maior país comunista do mundo, a China, está atraindo as multinacionais "imperialistas", pois ela sabe que geram empregos, renda e tecnologia, que pode ser incorporada ao país e elevar o padrão da população. Há muito tempo que essa argumentação anti-imperialista virou folclore dos anos 60, tão racional como o saci ou a iara-mãe-d´água.
O que não quer dizer que todas as multinacionais são anjinhos do bem, dispostos a abrir fábricas com o único intuito de criar empregos nos países pobres. Claro que não. Mas simplesmente ser contra elas é usar a estratégia burra. O que a China faz, e a Coréia fez, e o Japão antes ainda, foi atrair as multi, absorver sua tecnologia, exportar produtos baratos, depois produtos caros e finalmente, exportar a tecnologia que um dia foi "imperialista".
Afinal então, o que o MST queria dizer quando foi destruir a fazenda de reflorestamento da Aracruz ?
Não dá pra analisar o MST sem ver seu evidente caráter teológico: mais do que movimento social de esquerda, o MST é um movimento de camponeses semi-fanatizados católicos, ultra-conservadores, que deseja um "new medieval": um mundo rural, com pequenas propriedade cultivadas por enormes famílias, arando e produzindo na terra sagrada com enxadas e foices.
Eles execram o mercado, não o Mercado-Deus neo liberal, mas qualquer mercado. Odeiam a cidade, o dinheiro, a indústria, a tecnologia, a modernidade, os últimos 150 anos. Para o MST e para a base teológica católica que o apóia ( uma parte da Igreja, não toda ) um mundo feito à imagem e semelhança do Portugal de Salazar, congelado no tempo e no campo, seria o ideal.
Daí eles terem eleito como inimigo número um o agronegócio, pois o uso racional e ultra-técnico do solo em grandes propriedades monocultores de exportação vai contra o seu mundo místico-rural-medieval de camponeses com enxadas, 12 filhos e rezando o Angelus à sombra da paróquia...
Em qual dos dois mundos eu me encaixo? Nenhum.
Numa economia moderna e dinâmica, grandes e pequenas propriedades convivem muito bem, não raro o pequeno agricultor produz sob demanda para grandes empresas ( a Sadia, por exemplo, compra sua matéria prima de médios agricultores de Santa Catarina, todos capitalizados, com bom padrão de vida e técnicas avançadas de produção). É idiota pensar que vamos todos comer alface importada, típico cultivo de médio propriedade, local.
Por outro lado, imaginar que pequenos camponeses vão produzir eucalipto para papel é digno de idiotice crônica, quase histérica. O tipo de idiotice que começa cada vez a ficar evidente no discurso do MST.
Para finalizar, o argumento de que o cultivo monocultor de eucalipto empobrece o solo é tão pobre quando o solo cultivado pela enxada do MST. A fazenda que o MST destrui tinha pesquisa genética de alto nível, cujo objeitvo era exatamente fazer o eucalipto crescer mais rápido, produzir mais papel e ao mesmo tempo melhorar o solo.
É o MST indo contra a ciência a favor da rotação trienal medieval. Fantástico!