Acabou a exigência do diploma, mas as faculdades não.
Acabou o diploma de jornalismo, isso por decisão do STF, mas acabaram as faculdades de jornalismo?
Em primeiro lugar, deve-se lembrar que o curso de jornalismo foi criado no regime militar para afastar, ou tentar, o "pessoal de Humanas" das redações dos jornais. Naquela época dura, cursos como de História, Filosofia, Letras, Ciências Sociais formavam a maioria das cabeças pensantes do país e eram elas que infestavam as redações dos jornais mais importantes, tirando o sono dos líderes do regime, já que boa parte delas eram de esquerda ou no mínimo, críticas ao sistema político vigente. Separar de vez "as Humanas" do jornalismo seria a solução para criar redações mais dóceis ao governo.
Se deu ou não certo é pouco provável, até porque o regime simplesmente metia na cadeia, exilava ou às vezes matava mesmo quem fosse oposição mais intensa. Mas a herança ficou: o curso de jornalismo tornou-se obrigatório.
E agora, que a necessidade de diploma ficou pra trás? O que fazer?
Por um lado, cursos como o de História voltam a ter interesse não só para a formação de professores mas igualmente na formação de jornalistas. Eu mesmo via na minha faculdade vários jornalistas em graduação também fazendo História, pois eles sabiam que a sua faculdade não lhes dava base teória suficiente para seu exercício profissional futuro. É fato que a formação jornalística é "genérica" demais. Há até uma piadinha no meio que diz que o jornalista é como um pato: anda, voa e nada. Mas anda desajeitado, voa baixo e nada muito mal. Um jornalista pode escrever amanhã sobre gripe suína (biologia), depois de amanhã sobre terremoto ( geografia) e na próxima semana sobre economia. Ele tem base mínima para escrever sobre esses assuntos? Há agora a oportunidade de jornais, eletrônicos ou tradicionais, voltarem a contratar historiadores, biólogos, economistas, geógrafos.... É melhor um geógrafo falando de um terremoto do que um jornalista que mal sabe, e não é culpa dele, o que é uma placa tectônica...(eu mesmo não sei o que é essa porra...)
Por outro lado, a mídia hoje evoluiu muito e há sofisticadas tecnologias de comunicação. Um historiador pode escrever muito bem, mas ele sabe manejar uma ilha de edição? Ou como se faz uma pauta do dia? Talvez alguma formação em jornalismo no nível de uma graduação tecnológica, algo como 3 anos ou menos, possa dar àqueles que querem entrar na área formação prática mínima para operar meios de comunicação mais sofisticados que uma simples máquina de escrever, que era basicamente um jornal na época do regime militar. Portanto, uma saída para os curso de jornalismo seria investir na sua área de formação prática, deixando a formação teórica do jornalismo aos cursos das tradicionais áreas de conhecimento, da História a Economia, da Geografia a Filosofia.
Há outra ótima formação jornalística: voltada para a área de comunicação empresarial, as assessorias de imprensa. Elas mesmo têm empregado a maioria dos jornalistas formados atualmente. Nesses cursos, o jornalista tem uma formação prática e teórica, mas voltada a um objetivo mais específico. Bem melhor do que o jornalista genérico que se pretende um humanista, mas não tem carga de leitura suficiente para tanto.
Fico com a opinião do blogueiro do Estadão, Marcos Guterman, que (deliciosamente devo dizer), colocou que "um semestre na História tem uma bibliografia básica mais externsa do que quatro anos de jornalismo, de longe". ( vejo o post em http://blog.estadao.com.br/blog/guterman/?title=title_593&more=1&c=1&tb=1&pb=1)
Ele mesmo é formado em jornalismo... e em História na USP.
Em primeiro lugar, deve-se lembrar que o curso de jornalismo foi criado no regime militar para afastar, ou tentar, o "pessoal de Humanas" das redações dos jornais. Naquela época dura, cursos como de História, Filosofia, Letras, Ciências Sociais formavam a maioria das cabeças pensantes do país e eram elas que infestavam as redações dos jornais mais importantes, tirando o sono dos líderes do regime, já que boa parte delas eram de esquerda ou no mínimo, críticas ao sistema político vigente. Separar de vez "as Humanas" do jornalismo seria a solução para criar redações mais dóceis ao governo.
Se deu ou não certo é pouco provável, até porque o regime simplesmente metia na cadeia, exilava ou às vezes matava mesmo quem fosse oposição mais intensa. Mas a herança ficou: o curso de jornalismo tornou-se obrigatório.
E agora, que a necessidade de diploma ficou pra trás? O que fazer?
Por um lado, cursos como o de História voltam a ter interesse não só para a formação de professores mas igualmente na formação de jornalistas. Eu mesmo via na minha faculdade vários jornalistas em graduação também fazendo História, pois eles sabiam que a sua faculdade não lhes dava base teória suficiente para seu exercício profissional futuro. É fato que a formação jornalística é "genérica" demais. Há até uma piadinha no meio que diz que o jornalista é como um pato: anda, voa e nada. Mas anda desajeitado, voa baixo e nada muito mal. Um jornalista pode escrever amanhã sobre gripe suína (biologia), depois de amanhã sobre terremoto ( geografia) e na próxima semana sobre economia. Ele tem base mínima para escrever sobre esses assuntos? Há agora a oportunidade de jornais, eletrônicos ou tradicionais, voltarem a contratar historiadores, biólogos, economistas, geógrafos.... É melhor um geógrafo falando de um terremoto do que um jornalista que mal sabe, e não é culpa dele, o que é uma placa tectônica...(eu mesmo não sei o que é essa porra...)
Por outro lado, a mídia hoje evoluiu muito e há sofisticadas tecnologias de comunicação. Um historiador pode escrever muito bem, mas ele sabe manejar uma ilha de edição? Ou como se faz uma pauta do dia? Talvez alguma formação em jornalismo no nível de uma graduação tecnológica, algo como 3 anos ou menos, possa dar àqueles que querem entrar na área formação prática mínima para operar meios de comunicação mais sofisticados que uma simples máquina de escrever, que era basicamente um jornal na época do regime militar. Portanto, uma saída para os curso de jornalismo seria investir na sua área de formação prática, deixando a formação teórica do jornalismo aos cursos das tradicionais áreas de conhecimento, da História a Economia, da Geografia a Filosofia.
Há outra ótima formação jornalística: voltada para a área de comunicação empresarial, as assessorias de imprensa. Elas mesmo têm empregado a maioria dos jornalistas formados atualmente. Nesses cursos, o jornalista tem uma formação prática e teórica, mas voltada a um objetivo mais específico. Bem melhor do que o jornalista genérico que se pretende um humanista, mas não tem carga de leitura suficiente para tanto.
Fico com a opinião do blogueiro do Estadão, Marcos Guterman, que (deliciosamente devo dizer), colocou que "um semestre na História tem uma bibliografia básica mais externsa do que quatro anos de jornalismo, de longe". ( vejo o post em http://blog.estadao.com.br/blog/guterman/?title=title_593&more=1&c=1&tb=1&pb=1)
Ele mesmo é formado em jornalismo... e em História na USP.