Tuesday, April 29, 2008

Dois casos chocantes e a diferença

Dois casos chocantes na Europa nesta semana: na idílica Áustria, um homem manteve sua própria filha durante 24 anos no porão de sua casa, estuprando-a seguidas vezes e tendo com ela 7 filhos, um dos quais aliás morto e encinerado. Hoje, o homem com 74 anos, está preso e o resto da família, incluindo seus filhos-netos em tratamento psiquiátrico. Outro caso escabroso: um taxista estuprou, roubou, matou e queimou o corpo de uma turista sueca em Paris, na esquerdista França. Foi preso. Ironicamente ele tinha sido já preso outras vezes, uma delas incluindo estupro,outra roubo , mas foi solto. Preso numa simples batida de trânsito, de novo, por ter licensa de taxista vencida, foi solto mais uma vez, porque sua ficha não tinha anotações completas de seus crimes violentos anteriores. Uma falha monumental da Justiça francesa.

O que os dois casos têm a ver com o Brasil? Tudo e nada. Tudo, porque aqui quase toda semana vemos casos igualmente escabrosos, o que demonstra que a brutalidade, a sordidez e a estupidez humanas não têm limites espaciais ou mesmo sociológicos, já que nos dois casos europeus, nenhum dos criminosos pode ser considerado um excluído, um pobre. Mas pára por aí a comparação. No caso austríaco, o homem, mesmo tendo 74 anos, irá pegar perpétua e o caso chocou o país, ao contrário do nosso, já anestesiado por tanta violência. Na França por sua vez, o caso vai colocar mais lenha numa debate hoje dos mais importantes naquela sociedade: o endurecimento penal, num país com sólida tradição de esquerda. O crime na França tem crescido muito, e as leis, tipicamente européias, brandas ao extremo, já foram alteradas com ampla votação no Parlamento francês, com aumento de penas, fim de vários benefícios de redução de pena e maior rigor na liberdade condicional. O atual crime, que mostrou uma falha brutal do sistema jurídico francês, vai de novo levar a novos debates para rigor ainda mais forte na liberdade condicional, e principalmente no aumento de penas para criminosos perigosos. Há na França até mesmo duas propostas: uma, a de que mesmo após o criminoso tenha cumprido a pena, ele continue na cadeia se for considerado perigoso, o que é estranho: a pena seria alta, mas a punição efetiva de cadeia ainda mais alta que a pena.....e outro debate, que começa a tomar força na França, a volta da pena de morte, abolida nos anos 70.

Enquanto isso no Brasil recheado de criminosos, quais debates há no nosso Congresso, no Executivo federal, na imprensa que se diz responsável?
Pois é...viu a diferença?

Thursday, April 17, 2008

Comentário

o mundo se dirige para "um período muito longo de distúrbios e outros tipos de conflitos derivados da escassez de alimentos e aumentos de preços.

Essa frase, que pode soar apocalíptica, na verdade tem um único e inelutável sentido: ou a humanidade pára de crescer ou ela mesma irá enfrentar o colapso, pois o planeta não aguenta algo como 9 bilhões de humanos, que é a expectativa para os próximos 20 anos, comendo, bebendo, morando, usando energia elétrica, poluindo, comprando....

Sou um ecomalthusiano assumido: a única ideologia que prego ardentemente é a "veemente", aportuguesamento da sigla VHEM, que quer dizer Voluntary Human Extinction Moviment, ou extinção voluntária da raça humana, movimento humanista que prega, basicamente, 3 coisas:
1-cuidar das crianças que já existem, dando uma vida digna a todos os humanos vivos.
2-deixar de ter filhos
3-extinguir a raça humana e pedir desculpas ao planeta por um dia termos existido.

Visualize a beleza das pirâmides, dos longos corredores do museu do Louvre, das estátuas gregas, em profundo silêncio, sem nenhum humano para destruí-las: a beleza plena de uma civilização que foi extinta.

Monday, April 14, 2008

Apocalipse Now !

Proponho a leitura inicial deste texto, a AFP, depois eu comento ainda esta semana:
(grifei as partes que acho importantes)

A produção em massa de biocombustíveis representa um crime contra a humanidade por seu impacto nos preços mundiais dos alimentos, declarou nesta segunda-feira o relator especial da ONU para o Direito à Alimentação, o suíço Jean Ziegler, em entrevista a uma rádio alemã.Os críticos dessa tecnologia argumentam que o uso de terras férteis para cultivos destinados a fabricar biocombustíveis reduz as superfícies destinadas aos alimentos e contribui para o aumento dos preços dos mantimentos. Em entrevista ao jornal francês "Liberation", Ziegler também advertiu que o mundo se dirige para "um período muito longo de distúrbios e outros tipos de conflitos derivados da escassez de alimentos e aumentos de preços".Nesse contexto, a Comissão Européia indicou nesta segunda-feira que vai propor a supressão das subvenções para os cultivos destinados à produção de biocombustíveis, em meio à crescente polêmica causada pelo desenvolvimento dessa fonte de energia para lutar contra a mudança climática.Vários outros dirigentes europeus já manifestaram preocupação com a utilização da produção agrícola com fins energéticos em detrimento dos alimentos, num contexto de alta dos preços das matérias-primas."A produção agrícola com fins alimentares deve ser claramente prioritária", afirmou o ministro francês da Agricultura, Michel Barnier. A França propôs nesta segunda-feira uma iniciativa européia frente ao aumento de preços das matérias-primas e a crise alimentar que isto provoca, impulsionando um apoio reforçado à agricultura comunitária e uma ajuda maior a este setor nos países pobres."Em um mundo em que vai ser necessário produzir mais e melhor para alimentar nove bilhões de habitantes, há necessidade dos esforços de todos e também da Europa", afirmou o ministro francês da Agricultura, Michel Barnier, ao antecipar as grandes linhas da proposta que deve apresentar a seus colegas da União Européia em Luxemburgo.

Tuesday, April 08, 2008

Veja esse texto:

Corre na internet um belíssimo texto que trata de uma questão altamente espinhosa, mas importante e que está sendo esquecida pela mídia, principalmente pela mídia chapa-branca: as imensas indenizações aos "perseguidos pelo regime militar" que o governo Lula, através do Ministério da Justiça anda concedendo.
Pela lei de anistia, tanto os torturados, acusados de crime contra a segurança nacional na época, quanto os torturadores não podem mais ser punidos. Mas a atual Comissão de Direitos Humanos (aliás a mesma que se recusa a qualquer mudança nas leis penais brasileiras) está mudando o foco do problema: ao invés de querer punir os torturadores, dar gordas indenizações em dinheiro aos "torturados".
Coloco entre aspas porque a coisa está ficando feia: há dois anos atrás, o articulista da Folha de S Paulo Heitor Cony recebeu a bagatela de 250 mil reais a título de indenização por ter sido preso durante uma semana no regime militar. Isso mesmo: uma semana de prisão numa cela da Pólícia Federal valeu a ele, mais de 30 anos depois, 250 mil reais. Primeiro, a estupidez de querer dar indenização por algo que ocorreu há três décadas e que, como se vê, não atrapalhou a vida profissional de Heitor Cony, hoje um respeitado escritor e jornalista, recebedor de um belo, e merecido por seu talento, salário. Para quê dar dinheiro a ele agora ? De acordo com o senador Demóstenes Torres, do DEM, os valores das indenizações já chegam perto de 3 bilhões de reais: um "trem da alegria", como se vê. Tem gente recebendo valores ainda maiores por ter ficado menos de 5 dias na cadeia.... ( ainda em tempo, Cony disse que nunca foi torturado no sentido clássico da palavra, nunca levou um tapa nos 5 dias de cadeia ). Alguém aí toparia fica na cadeia por 5 dias para ganhar 250 mil reais...? Eu topo !!!!
A História do regime autoritário brasileiro está sendo deturpada por aqueles que querem simplesmente ganahr dinheiro com essas indenizações: criou-se um clima de "vendetta", vingança dos vencidos. Pois se os militares eram os donos do ponos há 30 anos, hoje sçao governados pelos mesmos que um dia forma perseguidos. E o que eles agora fazem uma vez instalados no poder ? Dão a si mesmos, gordas indenizações. Nojento. Mas tipicamente brasileiro, tipicamente de esquerda, tipicamente PT. Veja o texto:

Repúdio às imorais indenizações de Ziraldo e Jaguar
“Então eles não estavam fazendo uma rebelião, mas um investimento." (Millôr Fernandes)
Exmo. Sr. Tarso Genro Ministro da Justiça Brasília – DF
Excelência,
Repudiamos a decisão imoral da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, que - de forma afrontosa, absurda e injustificável - premiou os cartunistas Ziraldo Alves Pinto e Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe, o “Jaguar”, fundadores de “O Pasquim”, com acintosas e indecentes “indenizações”.
Sem desconhecer ou negar os méritos do extinto jornal e sua corajosa participação na luta contra o regime implantado pelo golpe de 1964, não se pode, de forma alguma, aceitar esse equívoco lamentável do Ministério da Justiça, que nos custará a bagatela de R$ 1.253.000,24 (hum milhão duzentos e cinqüenta e sete mil reais e vinte e quatro centavos) para Ziraldo, e outros R$ 1.027.383,29 (hum milhão vinte e sete mil trezentos e oitenta e três reais e vinte e nove centavos) para Jaguar, além de polpudas pensões mensais e vitalícias. Isso tudo à custa de nosso trabalho, raspado de nossos bolsos, em decisão que enxovalha o Estado de Direito e a seriedade no trato dos dinheiros públicos.
Há que se registrar a cupidez vergonhosa de dois jornalistas do nível de Ziraldo e Jaguar, que encerram suas vidas profissionais desenhando em tinta marrom a charge da desmoralização de suas lutas e da degradação moral de suas biografias. Transformaram em negócio o que pensávamos ter sido feito por dignidade pessoal e bravura cívica. Receberam, por décadas, o nosso aplauso sincero. Agora, por dinheiro, escarnecem de toda a cidadania, chocada e atônita com a revelação de suas verdadeiras personalidades e intenções.
Com a ditadura sofreram todos os brasileiros. Por isso não encaramos como negócio lucrativo, prebendário e vergonhoso o que se fez por idealismo, honradez e dever. A ditadura não só não provocou danos terríveis a Ziraldo e Jaguar, como agora os enriquece e os torna milionários à custa de um país de miseráveis e doentes.
Aplaudimos os demais jornalistas que fizeram o saudoso semanário pela decisão de não acompanharem Ziraldo e Jaguar nessa pilhagem, roubando dos brasileiros o dinheiro que deveria (e poderia) estar sendo utilizado na construção de hospitais, num país de doentes; de escolas, num país de analfabetos; na geração de empregos, num país de desempregados.
Que se degradem, que se desmoralizem, que se mostrem publicamente de uma forma que jamais poderíamos esperar. Mas não à custa de nossos bolsos, surrupiando o dinheiro suado de milhões de brasileiros que sofreram com o regime de exceção, mas nem por isso se acham no direito de “ganhar na loteria”.
Exigimos mais critério, seriedade e parcimônia na concessão de tais indenizações pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. Para que se evitem espetáculos bisonhos como o que assistimos