Sunday, November 25, 2007

Vale tudo

Olha bem a foto acima. Esse senhor aí é Mário de Andrade, o genial poeta e romancista do Modernismo?
Se tem alguma dúvida, vá buscar na internet fotos dele e verá por si mesmo que definitivamente a foto NÃO é de Mário.
Pois bem, essa foto foi usada num banner oficial, feito pela Secretaria Estadual de Cultura, para as comemorações do Dia Nacional da Consciência Negra. De acordo com o senhor Oswaldo de Camargo, consultor de literatura do Museu AfroBrasil, "nunca vi uma fotografia em que a herança africana do Mário ficasse tão evidente". Pois é, nunca viu mesmo, porque a foto é falsa.
Ele mesmo ainda continua: o retrato foi escolhido por que "ressalta os traços negróides" de Mário de Andrade. Em outras palavras: a verdade não interessa. Se for para falsificar uma foto como sendo do Mário de Andrade, só para dizer que ele era "negro", tanto melhor. Vale tudo no ringue em que se transformou o debate racial e cultural brasileiro.
Mário até podia ter algum sangue africano, assim como Machado de Assis era mulato. Isso não quer dizer que podemos classificar ele ou sua obra como africano. Pelo simples motivo de que isso não importa. A obra de um escritor ou mesmo ele, em sua personalidade, não podem ser resumidas a questões raciais. O raciocínio inverso é igualmente verdadeiro: um negro é burro porque é negro? um negro é inteligente porque é negro ? As duas afirmações são idiotas. Assim como escolher um foto de Mário de Andrade para "provar" que ele é negro: como se isso fosse importante. Pior se a foto for ainda por cima, falsa.
Pena que o debate cultural e étnico brasileiro esteja indo nesse nível. Mais um pouco, vão surgir teóricos raciais dizendo que Carlos Drummond de Andrade era um poeta ruim, porque não era negro.... classificar qualidades em função de raças é de uma violência sem limites. Tanto para dizer que negros são inferiores, como ao contrário, para enaltecer supostas qualidades raciais africanas. Somos seres humanos, isso seria o suficiente para falar de Mário de Andrade.
O irônico é que justamente Mário escreveu Macunaíma, um elogio da miscigenação racial e cultural brasileira, batendo de frente com as teorias raciais ainda em voga nos anos 30. Para o senhor Oswaldo de Camargo e sua fúria em provar que Mário era negro ( ou branco, ou verde, ou qualquer que seja sua raça...) sugiro uma leitura do livro. Ou melhor não.....vai que ele, o senhor Oswaldo, descobre ali alguma coisa dizendo que Mário era alemão.....

Sunday, November 11, 2007

Porque não se cala ?

A frase acima foi dita pelo rei de Espanha, Juan Carlos, durante bate-boca no encerramento da Cúpula Ibero-americana, entre o primeiro ministro espanhol, Zapatero e o imbecil maior latino americano, Chávez.
Chávez, com sua retórica oca e mal educada, estava xingando, sabe-se lá por quê, o ex-primeiro ministro espanhol Aznar, de "fascista", quando Zapatero interveio dizendo que não era nesse nível que um encontro diplomático deveria ocorrer, e ainda mais, mesmo que fossem ferozes adversários políticos ( na Espanha, Zapatero é do PSOE, de esquerda, enquanto Aznar é do PP, de direita), deveria saber-se respeitar as diferenças, coisa que aliás Chávez não sabe, em respeito ao povo espanhol.
O rei espanhol, em meio ao bate-boca que Chávez promoveu, mesmo sem ter a palavra continuava berrando no microfone já desligado, disse uma frase maravilhosa: "por que non se cala-te?", e saiu da sala.
Mais do que uma demonstração da burrice chavista, ali estavam dois modelos de esquerda: pois Zapatero representa a esquerda espanhola, que um dia foi a guerra civil, perdeu e percebeu que tinha que reciclar suas idéias, aposentar o marxismo-leninismo e entrar na social-democracia, sem porém perder seu espírito solidário e sua motivação de mudar a sociedade desigual do capitalismo, dentro da liberdade e da democracia. Por outro lado, Chávez representa a esquerda burra, dos anos 60, que quer o confronto com o "demônio imperialista", e no fundo representa o modelão cubano-soviético de ditadura-economia estatal-isolamento mundial que tão bem Chávez representa. Pois é, pena que boa parte da esquerda brasileira, colegas professores de HI
História incluídos, intelectuais perdidos nos anos 60 e a maioria do PT acha Chávez um modelo: seria melhor se tomassem um vôo para a Espanha após ter estudado o que era essa país durante os anos 70. Veriam a importância de uma esquerda democrática e plural, inteligente e sem dogmas, que ao chegar ao poder consegue mudar a realidade de um país para melhor, ao contrário do imbecil do Chávez que cada dia mais isola a Venezuela e se isola, já enfrentando inclusive manifestações de rua ( não tenha dúvida, muitos petistas por aí já estão dizendo que trata-se de uma "invenção da mídia" e dos "setores conservadores": muitos "pensadores" de esquerda não conseguem ver o diferente, muito menos respeitá-lo.)
Ao rei espanhol, vai aqui meu sincero abraço: ele falou o que muitos, inclusive na Venezuela, gostariam de falar.
Ao idiota do Chávez e seus seguidores aqui no Brasil, duas dicas: vai estudar um pouco de História....e depois, "cala-te", pois é no silêncio que se aprende alguma coisa, não fazendo discursos vazios e tolos.

Tuesday, November 06, 2007

Os gases...

A verdade é uma só: nós precisamos dos gases bolivianos. E a outra verdade, idêntica: eles precisam de nós.
Só o idiota do Evo Morales ( e num post bem antigo, quando essa besta foi eleita, eu lhe desejei "boa sorte"....como eu fui burro de não ver o quão ultrapassado era o seu discurso nacionalista tolo e infantil....coisas de quem quer ser de esquerda....ainda bem que me curei) não percebeu que seu discurso nacionalista de expropriar propriedades privadas de investidores na Bolívia iria trazer exatamente o que trouxe : os investidores, entre eles a Petrobrás, saíram do país e a Bolívia ficou como está: pobre e sem ter para quem vender sua única riqueza, seus gases...
Agora, merda feita, sobrou pro Brasil: está faltando gás. Fomos nós correndo de novo pra Bolívia pra negociar. O duro é que os próprios bolivianos, agora o anta do Morales viu isso, precisam ainda mais do Brasil, pois precisam vender gás para tentar sair da sua crônica pobreza. Mas gás não é como biscoito : exige altos investimentos e tempo para ser extraído e transportado. O discurso nacionalista de Evo só conseguiu isso: faltar gás para o Brasil, faltar dinheiro para a Bolívia, perder tempo precioso para os dois. E agora, o que fazer ? Retomar os investimentos, parados pelo delírio esquerdóide de Evo, que ao que parece, voltou a ser lúcido.
Há ainda uma última questão: vale a pena investir na Bolívia ? Não se trata de uma picuinha tola, mas de uma pergunta séria: se a Petrobrás já foi passada pra trás uma vez, vale a pena voltar a botar dinheiro num país governado por um imbecil como Evo ? Que garantias ele dará de que não voltará a fazer bobagem, assim que seus eleitores, idiotizados pelo nacionalismo esquerdóide dos anos 40, reclamarem ? Fica a incerteza. Fica outra coisa mais: o prejuízo de quem optou pelo gás, indústrias e consumidores comuns. E fica uma outra certeza: nada mais idiota do que um discurso de esquerda nacionalista e tolo no poder. O único a acreditar nisso é o Chávez e meia dúzia de "68´s" por aí.