Tuesday, December 12, 2006

Pinochet vai ao inferno

O que dizer agora que Pinochet é morto?
Dizer que ele foi o cabeça de uma das piores, senão a pior, ditadura latino americana, que torturou (de acordo com relatos, pessoalmente até...), matou, exilou durante uma longa noite da história chilena é repetir o que todos sabem: Pinochet é um desses raros filhos da puta com pedigree, estirpe, diria até, orgulho.

Para dourar a pílula, muitos andam dizendo por aí, Veja, Estadão, a até a vaca da Folha, que apesar desses "detalhes", Pinochet deixou um "legado": a modernização da economia chilena foi obra sua. Como o Chile era um país governado por um presidente socialista, Allende, então, se não fosse por Pinochet, o Chile seria hoje uma economia falida ao estilo cubano, ou no máximo, mais um país empobrecido da América Latina, já que a esquerda no poder no Chile seria incapaz de modernizar a economia.
O raciocínio é sedutor, mas falho. Em primeiro lugar, dizer que necessariamente a esquerda chilena iria conduzir o país a um regime de economia estatal planificada é ignorar a dinâmica da HIstória. Basta ver que a China comunista é hoje o xodó do capitalismo mundial....porque então a esquerda chilena teria que ser burra para seguir os mesmos erros de Cuba? Por que não imaginar que o Chile governado pela esquerda poderia, como outros países do Leste Europeu ou mesmo a China, modernizar sua economia? Concordo que a economia estatal planificada cubana é um erro grotesco, mas daí dizer que Allende necessariamente iria conduzir o Chile a desastre igual é , repito, ignorar que a HIstória tem uma dinâmica própria, dinâmica essa aliás sufocada pela ditadura de Pinochet durante 17 anos.
Para apoiar o argumento, um ponto simples: o Chile continua seguindo uma receita liberal na economia e adivinhe quem governa o país ? A esquerda! Aliás, a atual presidente do Chile foi ex-torturada por Pinochet, o que sustenta mais uma vez a tese: nem toda esquerda latino americana é burra, nem igual, portanto pensar que a esquerda chilena iria conduzir a economia chilena ao desastre e por isso Pinochet foi necessário é argumento tolo e infantil.

Segundo ponto importante, Allende não deu um golpe de Estado. Não foi um guerrilheiro, mas sim um presidente legitimamente eleito. Mais uma vez, podemos "imaginar o passado": seria um presidente eleito num regime democrático sólido como era o Chile capaz de promover uma planificação econômica em massa ao estilo cubano ? Improvável, afinal de contas, numa democracia existem forças de oposição, Congresso, Judiciário, enfim, forças ativas na sociedade que com certeza iriam criar toda uma dinâmica política diferente do que houve em Cuba. Não, Chile com Allende não seria uma Cuba de Fidel, e DEFINITIVAMENTE, não, Pinochet não foi necessário para "salvar" a economia chilena. O Chile moderno de hoje não é obra apenas de Pinochet, mas da sociedade chilena, inclusive da esquerda daquele país, que dá exemplo de inteligência ao combinar fórmulas liberais com sólidos investimentos na área social e nos serviços públicos, nada indicando que com Allende e com democracia seria diferente.
O Chile de Pinochet foi apenas isso: uma ditadura apoiada pelos EUA dentro do clima da Guerra Fria, que dizimou boa parte da oposição política e enterrou a democracia daquele país. Todo liberal honesto deve ser contra Pinochet, assim como todo comunista lúcido deve ser contra o atraso econômico e social de Cuba, uma revolução falida e que no limite, é contrária a toda teoria de Marx. A verdade é uma só: Chile sem Pinochet é melhor, América Latina sem Pinochet é melhor e porque não dizer, o mundo.

Wednesday, December 06, 2006

De volta a Idade Média

Algumas tecnologias separam, radicalmente, o homem dos séculos XX e XXI dos homens, digamos, do século XI. Embora do ponto de vista mental há claros sinais de que a humanidade não melhorou muito nos últimos mil anos ( acho que há sinais ao contrário, mas tudo bem), do ponto de vista da facilidade de comunicação, transporte e possibilidades de produtividade, as modernas tecnologias são fundamentais para a vida humana atual. Tente ficar dois dias sem luz e água encanada em sua casa e depois me diga se gostaria de ter vivido na Idade Mèdia.

Pois bem, o Brasil pós-Lula está a um passo disso: refiro-me a crise dos aeroportos. Como pode um país no século XXI não dispor de transporte aéreo? É um total, amplo e irrestrito absurdo. Imagine o custo que isso traz, quantos negócios deixaram de serem fechados, ou ainda, quantos pacotes turísticos vão ser cancelados, em plena época de férias e Natal? E o Carnaval? Já imaginou o prejuízo que isso traz ao já pequeno turismo internacional no país?

E o pior de tudo: o governo e o próprio Lula não fazem a mínima idéia do que fazer. Nosso querido e reeleitos presidente sequer comentou o assunto até agora e o Sinistro da Defesa Valdir Pires, mais um daqueles patéticos ex-perseguidos pela ditadura que estão no governo sabe-se lá porque, não faz a menor idéia de como resolver o problema. Verdade que não devemos culpar Lula pois o sucateamento da infra estrutura do país vem desde o Príncipe da Pestilência FHC que em 8 anos nada feza não ser privatizar tudo o que podia ser privatizado, sendo que o apagão elétrico fica como "bônus track". Mas que o Lula podia pelo menos tomar conhecimento do que está acontecendo e começar a resolver a crise, isso podia.
Engana-se que diz que só rico voa de avião. Bobagem, classe média também. E o pobre que precisa do emprego no comércio ou no turismo precisa do avião tanto quanto o homem de negócios. Sem avião, voltamos na Idade Média. Seria esse um projeto do governo Lula?