O Fantasma de volta ou o Ser Dialético ?
A revista The Economist acaba de publicar uma reportagem sobre a governança na América Latina na qual se derrama em elogios ao ex- presidente Fernando Henrique. Elogia não só seu governo, mas igualmente sua postura pessoal, de intelectual e de presidente sério cujo governo é marcado pela racionalidade das palavras e pela previsibilidade de ações. Não hesita em dizer que Fernando Henrique foi o melhor presidente que a região já teve. Ao mesmo tempo, a revista insinua que Lula é um populista, um animador de auditório, cujos discursos sem pé nem cabeça só são ouvidos pelas multidões famintas e irracionais. Conclui a reportagem dizendo que o populismo, no qual governantes que prometem o paraíso terrestre lideram massas famintas contra a racionalidade dos mercados e dos agentes econômicos, está voltando à região, tal qual um fantasma que nunca morre.
Economist deve ser a melhor revista do mundo. Tem profundidade de análise comparável a teses acadêmicas e seu inglês britânico é impecável. É também uma revista militantemente liberal no sentido econômico da palavra: adepta pura da não intervenção do Estado na economia, do livro fluxo de capitais e da iniciativa burguesa e privada como motor da riqueza.
Como analisar sua reportagem ? Estariam eles certos ? Agora que outro populista está quase prestes a ganhar a presidência do Peru, Humala Olanta, somando-se a Chávez, Morales, Kirchner e o próprio Lula, estaria The Economist realmente chamando nossa atenção para a volta do fantasma do populismo ? Lìderes demagógicos chamando as massas famintas e irracionais, nacionalizando empresas, afrontando o mercado, destruindo a base econômica da região ?
Seria então a luta do Bem, expresso pelas palavras doces e bem pensadas de um Fernando Henrique, de um Pedro Malan, mesmo de um Palocci, contra as frases de concordância nominal doentia de um Lula ou as afrontas anti-americanas de um Chávez ?
Não faltarão idiotas puxa-sacos para concordar com essa visão fácil das coisas, como o cineasta que se pensa jornalista Arnaldo Jabor. Mas a coisa é outra, o buraco é mais embaixo.
O populismo não é um fantasma que se cria do nada, mas ao contrário, é filho do liberalismo "racional" que se diz seu contraponto. Ao invés de imaginar Lula como o Anti-FHC ou vice versa, eles são caras da mesma moeda. Trata-se de uma dialética histórica, não de uma linha evolutiva inversa, de um pretenso e "primitivo" populismo para uma racionalidade liberal.
Veja o caso do Brasil :
Se FHc não tivesse exterminado os empregos como fez, se não tivesse diminuído a renda dos trabalhadores como fez, se não tivesse fodido a classe média como fez com impostos e desemprego, se não tivesse fodido todo o país, entregando serviços estatais a monopólios privados de rapinagem, teria sido eleito Lula ? Em outras palavras, The Economist comete um erro clássico na análise histórica da governança da América Latina: FHC foi o melhor presidente que já existiu em nossa região.....faltou acrescentar a pergunta: PARA QUEM ? Para os bancos, para alguns grupos privados, para alguns grupos multinacionais, para as empresas privatizadas: enfim, para o grande capital. Para a classe média, para a classe trabalhadora, para os milhões de subempregados, para as micro e pequenas empresas, para os setores mais tradicionais exportadores da economia, ( antigos, mas não ilegítimos, como calçados e brinquedos) FHC foi pior do que o inferno: para esses, juros, desemprego, aumento de impostos, real valorizado explodindo exportação. Foi a reação desses setores, fartos do liberalismo "racional" tucano que elegeu Lula. ( se Lula agradou ou não a esses setores, falemos depois...)
O mesmo se diz da Argentina que teve sua economia arruinada pelos 8 anos de ultra liberalismo de um idiota carnavalesco como foi Ménem ( aliás, outro que chegou a ter elogios formais do FMI antes de se descobrir que era um criminoso...). Muito fácil hoje dizer que Kirchner é um caloteiro que não paga os credores: se vc estivesse na fila de desemprego de Buenos Aires no governo Menem, e agora está conseguindo comer 3 vezes por dia com seu salário no governo Kirchner, provavelmente vc vai preferir o "caloteiro".
Imaginar que o populismo é uma praga que nunca morre, contra um liberalismo racional que tenta se impor é negar o óbvio : o liberalismo na América Latina cria as massas desempregadas e desesperadas que vão se apegar ao primeiro discurso populista que encontram pela frente, e se apegam ainda mais se o líder populista lhes dá o que falta, emprego ou comida. O populismo é o ser dialético exato do liberalismo triunfante mas depois declinante. Foi a crise financeira venezuelana qu criou Chávez. Foi a Bolívia indígena que teve sua água privatizada que elegeu Morales. Foi Ménem que fe Kirchner. Foi o Peru liberal de Olviedo e seus 65% de miséria que fez Omala. Enfim foi sua conta de telefone privatizada que fez Lula. Muito fácil falar mal do populismo quando se tem banho tomado, comida posta e emprego amanhã de manhã. Quando não se tem isso, o desespero bate, e o "irracional" , seu estômago, toma o lugar do cérebro.
Como superar essa dialética perversa : liberalismo que cria miséria que cria populismo que alimenta esperança de famintos, essa a pergunta crucial da América Latina, não o sorriso cínico de um ex-marxista intelectual agora convertido a Adam Smith como foi Fernado Henrique.
Se vc achou o post longo e difícil, foda-se. Vai ler as merdas do Jabor.
Economist deve ser a melhor revista do mundo. Tem profundidade de análise comparável a teses acadêmicas e seu inglês britânico é impecável. É também uma revista militantemente liberal no sentido econômico da palavra: adepta pura da não intervenção do Estado na economia, do livro fluxo de capitais e da iniciativa burguesa e privada como motor da riqueza.
Como analisar sua reportagem ? Estariam eles certos ? Agora que outro populista está quase prestes a ganhar a presidência do Peru, Humala Olanta, somando-se a Chávez, Morales, Kirchner e o próprio Lula, estaria The Economist realmente chamando nossa atenção para a volta do fantasma do populismo ? Lìderes demagógicos chamando as massas famintas e irracionais, nacionalizando empresas, afrontando o mercado, destruindo a base econômica da região ?
Seria então a luta do Bem, expresso pelas palavras doces e bem pensadas de um Fernando Henrique, de um Pedro Malan, mesmo de um Palocci, contra as frases de concordância nominal doentia de um Lula ou as afrontas anti-americanas de um Chávez ?
Não faltarão idiotas puxa-sacos para concordar com essa visão fácil das coisas, como o cineasta que se pensa jornalista Arnaldo Jabor. Mas a coisa é outra, o buraco é mais embaixo.
O populismo não é um fantasma que se cria do nada, mas ao contrário, é filho do liberalismo "racional" que se diz seu contraponto. Ao invés de imaginar Lula como o Anti-FHC ou vice versa, eles são caras da mesma moeda. Trata-se de uma dialética histórica, não de uma linha evolutiva inversa, de um pretenso e "primitivo" populismo para uma racionalidade liberal.
Veja o caso do Brasil :
Se FHc não tivesse exterminado os empregos como fez, se não tivesse diminuído a renda dos trabalhadores como fez, se não tivesse fodido a classe média como fez com impostos e desemprego, se não tivesse fodido todo o país, entregando serviços estatais a monopólios privados de rapinagem, teria sido eleito Lula ? Em outras palavras, The Economist comete um erro clássico na análise histórica da governança da América Latina: FHC foi o melhor presidente que já existiu em nossa região.....faltou acrescentar a pergunta: PARA QUEM ? Para os bancos, para alguns grupos privados, para alguns grupos multinacionais, para as empresas privatizadas: enfim, para o grande capital. Para a classe média, para a classe trabalhadora, para os milhões de subempregados, para as micro e pequenas empresas, para os setores mais tradicionais exportadores da economia, ( antigos, mas não ilegítimos, como calçados e brinquedos) FHC foi pior do que o inferno: para esses, juros, desemprego, aumento de impostos, real valorizado explodindo exportação. Foi a reação desses setores, fartos do liberalismo "racional" tucano que elegeu Lula. ( se Lula agradou ou não a esses setores, falemos depois...)
O mesmo se diz da Argentina que teve sua economia arruinada pelos 8 anos de ultra liberalismo de um idiota carnavalesco como foi Ménem ( aliás, outro que chegou a ter elogios formais do FMI antes de se descobrir que era um criminoso...). Muito fácil hoje dizer que Kirchner é um caloteiro que não paga os credores: se vc estivesse na fila de desemprego de Buenos Aires no governo Menem, e agora está conseguindo comer 3 vezes por dia com seu salário no governo Kirchner, provavelmente vc vai preferir o "caloteiro".
Imaginar que o populismo é uma praga que nunca morre, contra um liberalismo racional que tenta se impor é negar o óbvio : o liberalismo na América Latina cria as massas desempregadas e desesperadas que vão se apegar ao primeiro discurso populista que encontram pela frente, e se apegam ainda mais se o líder populista lhes dá o que falta, emprego ou comida. O populismo é o ser dialético exato do liberalismo triunfante mas depois declinante. Foi a crise financeira venezuelana qu criou Chávez. Foi a Bolívia indígena que teve sua água privatizada que elegeu Morales. Foi Ménem que fe Kirchner. Foi o Peru liberal de Olviedo e seus 65% de miséria que fez Omala. Enfim foi sua conta de telefone privatizada que fez Lula. Muito fácil falar mal do populismo quando se tem banho tomado, comida posta e emprego amanhã de manhã. Quando não se tem isso, o desespero bate, e o "irracional" , seu estômago, toma o lugar do cérebro.
Como superar essa dialética perversa : liberalismo que cria miséria que cria populismo que alimenta esperança de famintos, essa a pergunta crucial da América Latina, não o sorriso cínico de um ex-marxista intelectual agora convertido a Adam Smith como foi Fernado Henrique.
Se vc achou o post longo e difícil, foda-se. Vai ler as merdas do Jabor.
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