Tuesday, April 04, 2006

Drogas para todo mundo

A cada dia que passa fica mais evidente o fracasso total da política anti-drogas mundial, baseada principalmente na criminalização do tráfico e na proibição do consumo.
Desde a década de 50 do século XX, quando as drogas foram proibidas, o consumo mundial explodiu. Indústria poderosa que movimenta bilhões por ano, a demanda de drogas aumentou drasticamente após sua proibição, principalmente nos anos 60 e 70, motivada pela famosa ( e já velha) tríade, sexo-drogas-rock an roll. Na prática, a proibição feita nos anos 50 serviu exatamente para glamourizar as drogas na década seguinte, vistas como indício da rebeldia juvenil contra a geração anterior. Toda uma geração iniciou sua vida adulta usando drogas.
Como a demanda só aumentou nas décadas anteriores, a produção seguiu a demanda e é claro, o comércio também. Mas o comércio é proibido....então, junto das drogas vieram as gangues e as armas para dar segurança a um comércio proibido e altamente lucrativo.
Está pronto o coquetel que explodiu nos anos 80 e 90 e ainda hoje, nas grandes cidades mundiais.
O que fazer ?
A resposta simples e lógica é: liberar o consumo e o tráfico. O consumo na prática, já é liberado. Mesmo "proibido", qualquer um hoje pode comprar a droga que quiser, na hora que quiser. A própria lei vai seguindo essa lógica, já que o consumo ocasional hoje não é mais considerado crime.
O próximo passo é legalizar o comércio. Uma boa alternativa seria o próprio Estado produzir a droga e distribui-la gratuitamente, a quem quisesse, sem nenhum tipo de exigência. Assim, os "viciados" ou os ocasionais não precisariam comprar dos traficantes. Estes, sem poder vender pois ninguém aguenta concorrer com quem dá o produto de graça, iriam "quebrar", podando de uma vez com todas com o comércio de armas e desarticulando o crime. A polícia poderia ser liberada para o que realmente importa, crimes contra a vida e a propriedade, aumentando sua eficiência.
Numa segunda etapa, as drogas poderiam ser vendidas e seus impostos repassados ao Estado. Os viciados poderiam, se quisessem, ter tratamento. Se não o quiserem, tudo bem. Quem usa drogas não faz mal nenhum a ninguém, a não ser a si mesmo. O tráfico armado é que é o problema, mas com a liberalização, ele deixa de existir, substituído pelo Estado fornecedor gratuito.
Nos anos 30 a cocaína era totalmente liberada. Era inclusive usada como medicamento, basicamente analgésio. Freud a usava regularmente, asssim como quase todos os modernistas brasileiros ( lembra de Manuel Bandeira e seu "Vou me embora pra Pasárgada": "lá tem alcalóide a vontade..."). Apesar do uso, não havia criminalidade, o que prova de uma vez por todas a tese de que a proibição fez explodir o tráfico ilegal. O mesmo vale para a Lei Seca dos anos 40 nos EUA. Proibir o alcool só fez a criminalidade aumentar.
Então porque continuar proibindo o tráfico de drogas ? Alguns motivos:
1-muito dinheiro vai para o combate ao tráfico, enormes estruturas burocráticas foram criadas contra as drogas, portanto, liberar tudo seria acabar com muitas dessas estruturas, tanto financeiras, quanto de poder.
2-os EUA não querem. Como eles mandam no mundo, o país que liberar o tráfico seria serevamente excluido do circuito internacional talvez até atacado militarmente. A mentalidade puritana e ultra conservadora americana, a mesma que não aceita Darwin e quer que a AIDS seja "combatida" com abstinência sexual não aceita o uso de drogas. Nos mesmos EUA, em alguns estados, o homossexualismo por exemplo, é crime. O que fazer quando uma merda dessas é a potência mundial ? Há vida em Marte ?
3-pode ser "viagem" minha, mas acho que há outros motivos econômicos pelos EUA. Como quem produz droga são os países latino americanos e quem consome são Europa e EUA, legalizar o tráfico é legalizar um grande fluxo de dinheiro que ficaria na mão dos países latinos. Isso não é bom para eles, países ricos, que preferem ver nossos governos torrando dinheiro na repressão inútil e não usando o dinheiro do tráfico legalizado para investir em indústrias e tecnologia.
4- os próprios traficantes, é claro, que sabem que a "proibição" não pega para eles, pois continuam vendendo caro o que tem alta demanda e perderiam tudo caso o Estado assumisse o tráfico.

Antes que perguntem: não postei esse blog porque sou usuário, aliás acho que quem fuma muita maconha fica burro ( tenho vários exemplos conhecidos): estou apenas de saco cheio de tanta criminalidade por motivo burro. Se vc quer usar drogas, foda-se com elas, eu é que não quero pagar imposto para combater o comércio ilegal de um vício individual.

1 Comments:

Blogger henrique cavalcanti said...

Acredito nas duas coisas : na reabilitação do criminoso e na pena de morte. Contraditório ? Não. Em primeiro lugar: para alguns crimes não há perdão humano, mas ( para quem acredita) apenas divino. Quem somos nós para perdoar o assassinato de um filho ou filha de alguém ? Por um acaso o pai do filho assassinado perdoaria?

10:37 AM  

Post a Comment

<< Home