Wednesday, May 25, 2011

Aviso ao leitor

Cada vez mais fica evidente para mim que os conceitos de Democracia e Liberdade NÃO estão associados.... ou pelo menos, estão cada dia, mais distantes.
Vivemos numa sociedade democrática, elegemos nossos governantes, sejam eles ruins ou ainda piores, a cada 2 anos, mas nossa liberdade de pensar, de ser, de vestir, de se comportar está sujeita a uma vigilância feroz. Não que hoje alguém seja preso por falar algo ou escrever coisas diferentes do chamado "normal". Mas a vigilância é mais sutil, é uma censura prévia, uma sombra sempre a impedir o pensamento complexo, livre e criativo. A mensagem que está no ar é : pense, mas só o que se pode pensar...

veja esta situação expressa no texto abaixo que pirateio do blog do historiador e jornalista Marcon Guterman: sabemos que Monteiro Lobato, como muitos de sua geração, foi formado com ideais racistas ainda muito fortes no final do XIX e início do XX. Tal formação era científica na época, assim como sabemos que Euclides da Cunha também tinha esse tipo de pensamento. Ora, hoje o racismo é apenas lixo cultural. Mas um dia foi tese de cientista social e pensamento dominante na elite intelectual. Como ler um texto de Monteiro à luz de seu racismo? Chave crítica: entender o texto, e seu autor, à luz de sua época, o que aliás é algo tão óbvio quanto fundamental em qualquer análise literária e histórica. Pois bem, cartas racistas de Monteiro Lobato foram publicadas na revista Bravo!: resultado, a censura do politicamente correto já agiu... como sabe que simplesmente proibir tais cartas seria demais, até para eles, quer que elas sejam "carimbadas" de racistas, como numa advertência ao leitor... Conclusão 1: para o politicamente correto, somos todos idiotas, devemos ser "avisados" de "perigos" intelectuais à frente, a cada texto que lemos... Conclusão 2: você não censura Monteiro... mas censura! Lembra claramente a censura dos anos 70, quando os filmes tinham aquela tarjeta classificatória.
Impede-se o pensamento livre, a contextualização adulta, em nome de uma suposta "pureza" de linguagem e uniformidade de pensamento: Monteiro era racista ? Avise o leitor.... E por aí vai. Concordo plenamente com o texto abaixo de Guterman: Voltaire era antissemita? aviso ao leitor.... A Mônica do Maurício de Sousa faz bullyng com o Cebolinha ? Aviso ao leitor....

É uma sociedade triste, infantilizada, vigiada, uniforme. Democracia com suave tirania e uma censura leve. Aviso ao leitor.


texto do blog: Marcos Guterman
http://blogs.estadao.com.br/marcos-guterman/
A publicação de cartas de Monteiro Lobato com teor racista, na revista Bravo!, ressuscitou a discussão sobre a necessidade de fazer a obra de um dos maiores autores brasileiros ser carimbada com advertências sobre seu racismo. Das várias manifestações a favor dessa medida, uma das mais completas foi expressa por Paulo Moreira Leite em seu blog. Ele se diz contra proibir Lobato por causa de seu racismo, mas afirma que “esses ataques” não podem “circular livremente”, “num país em que 53% dos brasileiros se consideram negros”. Para Leite, as “agressões” de Lobato demandam “contextualização” crítica, porque “o mesmo Estado que tem o dever de defender a liberdade de expressão de Lobato também tem a obrigação de condenar ataques racistas”.
É óbvio que toda obra clássica deve ser contextualizada, porque textos assim são espelhos de um passado que nos influencia de modo determinante. Para compreender um clássico, é preciso mergulhar nele e conhecer o repertório que o engendrou. No entanto, o que muda essencialmente de nossa leitura de Voltaire quando conhecemos seu lado antissemita? O que muda quando sabemos que Picasso atormentou sua amante Dora Maar para ter um modelo de sofrimento para sua obra-prima Guernica? O que muda quando lemos que o Padre Antônio Vieira, talvez o mais importante orador em língua portuguesa, considerava a escravidão uma dádiva para os negros, porque os havia tirado da condição de gentios na África?
Desse modo, a contextualização de Lobato deve ser feita sim, mas não por um militante do politicamente correto, preocupado em defender os “53% dos brasileiros que se consideram negros”, e sim por quem trate o texto como documento de uma época e explore sua riqueza para conhecermos melhor o mundo contraditório em que vivemos.
Se Lobato só puder circular com um “disclaimer” sobre seu racismo, então sugiro que a Bíblia seja sempre acompanhada de um aviso no qual se leia: “Esta obra faz apologia da escravidão e da sujeição feminina

Saturday, May 21, 2011

“Que nos gobiernen las putas, que sus hijos no saben”.

“Que nos gobiernen las putas, que sus hijos no saben”.

é com esta frase, de imensa sabedoria aliás, que os indignados, como estão sendo chamados, expressam seu descontentamento com a política partidária tradicional. Desde 15 de maio, e é esse o nome do movimento, que eles estão acampados na praça do Ajuntamento em Madrid, agora quase rebatizada com o novo nome de praça 15 de maio pedindo "democracia real". Quem são eles e o que querem ?

Fugindo dos tradicionais esquemas sociológicos e políticos, não há uma ideologia, nem um líder ou mesmo um programa. Por isso mesmo o movimento tem força. São jovens em sua maioria, massacrados pelo desemprego espanhol que alcançou 40% entre eles e mais de 20% na população em geral. E querem uma mudança no foco do governo, não apenas uma mudança partidária: governo para pessoas, não para o capital. Agora que a Espanha mergulhou numa crise de dívida que pode levá-la a ir ao FMI, como fez Portugal e Grécia, os indignados mostram que a população não é tão passiva diante da dificuldade. Como os tradicionais partidos políticos vão reagir, é impossível saber, até porque as eleições estão sendo marcadas para este domingo. Mas é inegável o frescor, a alegria e principalmente, a consciência de que a tradicional democracia representativa liberal está doente. Sem querer cai nas tentações dos velhos esquemas autoritários estalinistas que a esquerda tanto se apega, estes jovens querem uma mudança: sem saber para onde, nem como, mas com firme certeza de que o que está aí não serve mais. Quem diria que uma onda de protestos nos países árabes por democracia poderia inspirar uma onda de protestos por uma nova democracia na Espanha e que está se espalhando por toda a Europa? Crise econômica grave e falta de perspectiva levam a este tipo de mobilização, por enquanto, pacífica e ordeira. Bem que algo poderia ocorrer neste Brasil de tanta corrupção e ineficiência. Agora, a Espanha é o centro do mundo ocidental por enquanto. Quem sabe a frase acima se torna realidade....

texto El País

Las concentraciones en toda España marcan la jornada de reflexión
Miles de personas abarrotan plazas en numerosas ciudades de España

Ni la prohibición de la Junta Electoral Central, ni el rechazo del Tribunal Supremo a levantar el veto a las protestas ni la fuerte presencia policial han dispersado a los manifestantes del Movimiento 15-M. La jornada de reflexión ante las elecciones municipales y autonómicas de mañana está quedando marcada por la gente que sigue en la calle de las principales ciudades españolas exigiendo "democracia real".

En la Puerta del Sol ha arrancado un día más activo que los anteriores con una completa agenda de actividades, en la que se incluyen dos pasacalles, un concierto y talleres de payasos, informa Samira Saleh.

Miles de personas han dormido la pasada noche en tiendas de campaña. Los manifestantes han ocupado prácticamente toda la plaza tras una noche “tranquila”, según la califican los responsables de la recién creada “comisión de respeto” del Movimiento 15-M. Un total de 12 personas han tenido que ser atendidas por el Samur, principalmente por lipotimias y mareos. Los servicios de limpieza destacan que las aceras están “tres veces más limpias” que cualquier fin de semana en el que se practica botellón. 

Ya por la mañana, cuando la gente se ha levantado, la actividad ha sido muy viva. Tras las primeras actividades, los concentrados han celebrado una asamblea desde la una de la tarde, en la que se ha recordado que no debe haber consignas políticas.

Los acampados intercambian ideas en un escenario que quieren que sea lo más alegre posible, y han decidido teñir de amarillo los carteles y llevar ropa de ese color. Poco a poco mejoran su organización y se definen como una "Ciudad-Estado con vocación de permanencia, dispuesta a pervivir más allá del 22 de mayo", según uno de sus portavoces.

Para hermanarse con el resto de concentrados en España, los acampados en Sol han extendido un lienzo sobre un quisco de prensa para proyectar imágenes de la situación de las plazas de otras ciudades. Los organizadores han recibido más de 300 peticiones desde España y otros países para ampliar sus dominios tomalaplaza.net, informa Carmen Pérez- Lanzac.

En Valencia, centenares de personas han formado una cadena humana ante el Ayuntamiento a las doce del mediodía. Según ha declarado Joan, uno de los coordinadores, en un primer momento no tenían permitido rodear el Ayuntamiento, "pero la policía se ha portado muy bien". "Nos han dicho que no pasaba nada, que podíamos quedarnos allí", ha declarado.

Los simpatizantes del Movimiento 15-M acampados en las ciudades andaluzas tienen previsto celebrar hoy actos simbólicos y actividades culturales, en una jornada en la que se han acercado multitud de personas a interesarse por sus reivindicaciones, informa EFE. El movimiento 15 de Mayo "no tiene intención de hablar de votos ni de nada que distraiga" el día de reflexión, pero sí ha invitado a los ciudadanos de "todas las ideologías" a informarse de sus reivindicaciones, ha explicado uno de sus portavoces en Sevilla.

El vicepresidente primero del Gobierno y ministro del Interior, Alfredo Pérez Rubalcaba, se ha reunido esta mañana con la cúpula de las Fuerzas de Seguridad y han constatado el desarrollo pacífico de las concentraciones y la actuación correcta de la policía, que se ha limitado hasta ahora a vigilar, pero sin desalojar a los manifestantes.



Grito unánime

Anoche, el primer minuto de la jornada de reflexión fue silencioso en las calles, pero una vez que transcurrió, decenas de miles de personas que se estaban manifestando en las calles lanzaron un grito unánime, especialmente en la Puerta del Sol. El 15-M es un movimiento que, de momento, parece imparable. La Puerta del Sol de Madrid es el epicentro pero la sacudida ha generado un tsunami. Decenas de miles de personas (28.000 según la policía) llenaron anoche la Puerta del Sol, en Madrid, y miles más se concentraron en otras plazas de numerosas ciudades españolas a pocas horas del cierre de la campaña electoral a medianoche.

En la Puerta del Sol, tras el segundo grito mudo, comenzó una sentada multitudinaria y tras las campanadas del reloj de medianoche miles de personas saltaron gritando: "Ahora todos somos ilegales" y "estamos reflexionando". La mecha que prendió en Madrid con fuerza se fue extendiendo a la misma velocidad que descolocaba a los políticos y forzaba a reaccionar a los poderes públicos.

La concentración en Barcelona se convirtió por momentos en una fiesta infantil, pero por la noche la plaza de Cataluña estaba a rebosar. Más de 5.000 personas se sumaron a las nueve de la noche a la cacerolada, que llenó la parte peatonal situada en el corazón de la plaza. La gente seguía a esa hora llegando desde las calles aledañas, mientras eran visibles decenas de mochilas y sacos de dormir de participantes que acudían con la intención de pasar la noche al raso.

Las concentraciones en Galicia crecen día a día. Alrededor del millar de personas participaron anoche en las asambleas de A Coruña y Santiago, el doble que el jueves. Los concentrados en la calle Colón de Vigo sumaban el millar de personas. Unas 500 personas estaban reunidas anoche en la entrada de la calle del Príncipe, la más comercial de la ciudad.

En Bilbao, más de 3.000 ciudadanos indignados se reunieron en defensa de una “democracia real”. Mantendrán su campamento frente al Teatro Arriaga durante el fin de semana, aunque no celebrarán nuevas asambleas hasta el domingo a las ocho de la tarde, una vez cerrados los colegios electorales. La Ertzaintza no intervendrá si no se atenta contra el orden público. Decenas de personas se han dado cita también en San Sebastián y Vitoria. Unas 3.000 personas en Palma votaron "resistencia pasiva" y quedarse en la plaza.

En Londres, unas 300 personas se manifestaron al grito de “También los exiliados estamos indignados”. Estaban reunidos desde las siete de la tarde, una hora más en la España peninsular, ante la Embajada española en Londres. Reinó el buen humor, las pancartas divertidas y sobre todo la defensa de las concentraciones. Algunas de las pancartas eran subidas de tono: “Que nos gobiernen las putas, que sus hijos no saben”. Otras apostaban por el buen humor: “No hay pan para tanto chorizo” y otras optaban por el bilingüismo: “Stop corrupción”. En Bruselas se manifestaron unas 600 personas, dos centenares en Lisboa y un centenar en Atenas y Milán. Asimismo, hubo protestas, aunque menos numerosas, en Budapest, Tánger, París y Berlín.