Honduras: quem deu golpe em quem ?
Quem deu o golpe em quem?
Tudo em Honduras depende desta resposta: o presidente eleito foi deposto pelos militares, portanto trata-se de um golpe e de um atentado a democracia. Nesse sentido, o presidente deposto Zelaya tem direitos legítimos que deveriam ser respeitados e o governo que o depôs é golpista. Ponto final. Ou não...?
Esse mesmo presidente, Zelaya, estava há pelo menos dois anos "forçando a barra": queria porque queria ser reeleito, num flagrante desrespeito à Constituição de Honduras que expressamente proibe a reeleição ( lá aliás, essa proibição está nas cláusulas pétreas da Constituição, ou seja, não pode ser mudada nem por reforma constitucional, o que aliás seria um ótimo exemplo a copiar no Brasil). Após ser derrotado numa votação no Parlamento, ele tentou entrar no Supremo Tribunal do país para tentar a reeleição. Claro, não conseguiu. Mudou de tática: tentou criar um referendo, à lá Chávez, para que a população hondurenha dissesse sim ou não à sua proposta de reeleição. Nesse momento, militares, Supremo Tribunal e o Parlamento acharam que Zelaya estava indo longe demais e o depuseram. É esse indivíduo que agora estava querendo voltar a seu país, para iniciar um confronto, opondo seus partidários a seus opositores e arriscando a uma guerra civiil. Por que ? Porque ele queria ser reeleito....
Como se vê: a democracia em Honduras é mais sólida do que nós pensamos. Um presidente de esquerda, apoioado abertamente por Chávez, obviamente populista, tenta jogar no lixo a Constituição do país e é deposto por militares. Quem está seguindo a lei? O governo deposto ou os "golpistas" ?
A própria recusa de Zelaya em aceitar um acordo, mediado de forma consciente e responsável pelo governo da Costa Rica, indica que o objetivo de Zelaya, bem nesta tradição de esquerda-populista-chavista, é voltar ao poder, custe o que custar. Só espero que os outros países da América, que até agora estavam apoiando abertamente Zelaya, inclusive os EUA, retirem seu apoio a esse aventureiro imediatamente, para evitar algo pior naquele pais. E termino com a sempre inesquecível postura de Hugo Chávez, que no meio da situação tensa em Honduras, disse que iria invadir o país e recolocar Zelaya no poder, o que motivou, corretamente, a expulsão dos embaixadores venezuelanos de Honduras. ( e eles se recusam a ir embora...) . Será que já não passou da hora da OEA, incluindo o Brasil, darem um basta público nesta besta do Chávez ou vamos esperar até ele conseguir o que quer, uma guerra no continente, para ele continuat legitimando seu poder autoritário?
texto: blog do Noblat:
Está assim a fronteira de Honduras com a Nicarágua. Foi ocupada pelo Exército hondurenho que proibiu o tráfego de pessoas e veículos. O presidente Manuel Zelaya, deposto por um golpe militar, está no norte da Nicarágua. Dirige seu próprio carro. E é acompanhada por cerca de 50 carros transportando jornalistas e correligionários dele. Pretende ingressar no seu país nas próximas horas. Arrisca-se a ser preso.
O governo dos Estados Unidos desaconselhou a sua volta. O secretário-geral da OEA também. Zelaya recusou proposta de Oscar Arias, presidente da Costa Rica, para que voltasse ao poder, montasse um governo de união nacional e aceitasse a antecipação para outubro das eleições gerais marcadas para novembro.
Zelaya deveria se comprometer também em não tentar mudar a Constituição para obter um novo mandato. A não reeleição de um presidente é cláusula pétrea da Constituição hondurenha. É como a República entre nós, por exemplo. Zelaya não quis se comprometer. O atual governop hondurenho ficou de estudar a proposta de 11 pontos formulada por Arias.