Thursday, August 24, 2006

Tabus eleitorais : planejamento familiar como prioridade

Há alguns tabus eleitorais. Assuntos fundamentais, pelo menos no meu humilde e tosco ponto de vista, que nenhum candidato quer sequer arranhar.
Um deles, talvez o maior deles, diz respeito a Saúde Pública : por que até hoje o Brasil nunca fez um amplo programa de planejamento familiar dirigido às famílias mais pobres?
Imediatamente à pergunta, vozes iradas vão bradar: "nazistas", "exterminadores de pobres", "maltusianos".....Será?
Interessante: todos sabemos que a classe média, "premiada" nos últimos anos com perda de renda, emprego e futuro, parou de ter filhos. A escolha é bem simples: ou temos filhos, ou temos padrão de vida, os dois não dá. Quando a classe média tem filhos, é no singular: ao contrário da geração anterior, os casais com um filho tornaram-se regra, os com dois filhos, exceção e os com três, quase uma heresia, sem falar, é claro, no número crescente ( e bem crescente aliás) dos casais com zero filhos. Os fatores incluem, não só o já citado da perda de grana, mas igualmente a própria condição da mulher, hoje com maior escolaridade que o homem em geral, mais interessada na carreira do que em virar dona de casa. Quem ganha com isso ? As pet shops..... já que os modernos "filhos" costumam ter 4 patas....
Ora, se a classe média pode escolher, por que a classe baixa não pode ? Nem quero tocar no assunto ainda mais espinhoso de "controle familiar", mas apenas no assunto "planejamento": em suma, uma idéia simples, dar aos mais pobres a chance de escolher e responder a pergunta, quantos filhos vocês querem ter ?
Isso significa o governo fazer amplas e permamentes campanhas na mídia ( gasta-se tanto em propaganda idiota do governo.....), distribuição gratuita de camisinhas ( igualmente importantes para as DST,s) e mutirões permamentes na rede pública hospitalar de operações para homens e mulheres que responderam "chega" à pergunta acima. Ainda mais, distribuição gratuita de pílulas ou injeções nos postos de saúde. Mesmo, e não só na teoria. E isso deveria ser feito tanto nos bairros pobres das cidades, quanto nas zonas rurais mais afastadas.
Violência contra a mulher ? Violência é você tirar do pobre o que a classe média tem: escolha. E depois sair por aí dizendo que o problema é a distribuição da riqueza. Para distribuir riqueza, que tal distribuir antes, informação, saúde e chance de planejar o futuro. Hoje, os mais pobres não têm isso.
E pelos discursos dos atuais candidatos, vão continuar sem.

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