Multilateral X Unilateral : ainda a questão do Estado
Ele foi o primeiro Estado criado a partir de um organismo multilateral, no caso, pela ONu em 1948. Ele foi a esperança de milhões de judeus, perseguidos durante séculos, principalmente na Europa. Ele, claro, foi criado sob o impacto sinistro do massacre de judeus executado pelas mentes racistas doentias da Alemanha ( embora, o antissemitismo não seja apenas alemão, mas europeu). E hoje, este Estado rompe com Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas, a mesma entidade que o criou.
Se eu fosse judeu, ficaria triste e revoltado até, pelo abuso da memória dos que foram mortos na II Guerra. Pois cada vez que alguém critica o Estado de Israel pelos absurdos que ele comete contra a população palestina, é imediatamente comparado aos nazistas e é taxado de antissemita. Abuso da memória da dor alheia: duplamente assassinados, pelos nazistas e, e é pesado mas verdadeiro dizer isto, pelo atuais comandantes da política externa do Estado de Israel.
Sim, Israel é um Estado que tem o direto de existir. Além do mais, tem sim o direito de se defender. Por isso, tem o direito de atacar ? Tem o direito de oprimir ? Seu passado triste gera uma "não-culpa" eterna, que permite ao Estado de Israel toda sorte de imunidade, sem nenhuma represália? Imagine se o Irã simplesmente sai da Agência Nuclear da ONU ? Em poucas semanas é bombardeado. Se o mesmo Irã não colabora com a mesma ONU, sofre sanções. Quais as sanções que Israel sofrerá por não mais colaborar com o Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas ? Claro, nenhuma. Se concordo com as frases idiotas antissemitas ditas por alguns membros do governo iraniano? claro que não. Mas se os organismos multilaterais são órgãos que visam a conter o "self-help" e o unilateralismo estatal, então Israel, que foi criado como Estado por um desses organismos, deveria, no mínimo, se deixar criticar construtivamente por eles e mudar sua política em relação aos assentamentos palestinos, tristemente se assemelhando aos guetos monstruosos do leste europeu dos anos 30. Responder a um passado de ódio com mais ódio: eis a receita para o óbvio, mais ódio ainda. Mas pelo jeito, o "complexo de Massada" de que alguns críticos falam, ainda é forte em Israel. O argumento do próprio Estado israelense diz isso:
"Eles sistemática e serialmente tomam todo tipo de decisão e condenação contra Israel sem nem simbolicamente considerarem as nossas posições". Em suma, TODO o mundo é antissemita...somos o único povo perseguido no mundo, temos o direito de atacar sem responder a nenhuma lei ou organismo multilateral.
Se todos os Estados pensassem assim...
texto: Folha de S. Paulo: 26/março/2012
Israel anunciou nesta segunda-feira o rompimento dos seus contatos com o Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas, que na semana passada decidiu investigar os assentamentos judaicos da Cisjordânia.
O rompimento, anunciado pela chancelaria de Israel, implica que os investigadores da ONU não poderão realizar seu trabalho pessoalmente no território israelense ou na Cisjordânia, que é um território palestino ocupado por Israel.
"Não estamos mais trabalhando com eles", disse o porta-voz Yigal Palmor. "Estávamos participando de reuniões, discussões, arranjando visitas a Israel. Tudo isso acabou."
A investigação internacional, solicitada pela Autoridade Palestina, foi aprovada na quinta-feira, e o único país do conselho a votar contra foram os Estados Unidos. Líderes israelenses disseram que o conselho age de forma hipócrita e tendenciosa contra Israel.
"Eles sistemática e serialmente tomam todo tipo de decisão e condenação contra Israel sem nem simbolicamente considerarem as nossas posições", queixou-se Palmor.
Segundo ele, Israel vai continuar cooperando com outros órgãos da ONU.
Se eu fosse judeu, ficaria triste e revoltado até, pelo abuso da memória dos que foram mortos na II Guerra. Pois cada vez que alguém critica o Estado de Israel pelos absurdos que ele comete contra a população palestina, é imediatamente comparado aos nazistas e é taxado de antissemita. Abuso da memória da dor alheia: duplamente assassinados, pelos nazistas e, e é pesado mas verdadeiro dizer isto, pelo atuais comandantes da política externa do Estado de Israel.
Sim, Israel é um Estado que tem o direto de existir. Além do mais, tem sim o direito de se defender. Por isso, tem o direito de atacar ? Tem o direito de oprimir ? Seu passado triste gera uma "não-culpa" eterna, que permite ao Estado de Israel toda sorte de imunidade, sem nenhuma represália? Imagine se o Irã simplesmente sai da Agência Nuclear da ONU ? Em poucas semanas é bombardeado. Se o mesmo Irã não colabora com a mesma ONU, sofre sanções. Quais as sanções que Israel sofrerá por não mais colaborar com o Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas ? Claro, nenhuma. Se concordo com as frases idiotas antissemitas ditas por alguns membros do governo iraniano? claro que não. Mas se os organismos multilaterais são órgãos que visam a conter o "self-help" e o unilateralismo estatal, então Israel, que foi criado como Estado por um desses organismos, deveria, no mínimo, se deixar criticar construtivamente por eles e mudar sua política em relação aos assentamentos palestinos, tristemente se assemelhando aos guetos monstruosos do leste europeu dos anos 30. Responder a um passado de ódio com mais ódio: eis a receita para o óbvio, mais ódio ainda. Mas pelo jeito, o "complexo de Massada" de que alguns críticos falam, ainda é forte em Israel. O argumento do próprio Estado israelense diz isso:
"Eles sistemática e serialmente tomam todo tipo de decisão e condenação contra Israel sem nem simbolicamente considerarem as nossas posições". Em suma, TODO o mundo é antissemita...somos o único povo perseguido no mundo, temos o direito de atacar sem responder a nenhuma lei ou organismo multilateral.
Se todos os Estados pensassem assim...
texto: Folha de S. Paulo: 26/março/2012
Israel anunciou nesta segunda-feira o rompimento dos seus contatos com o Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas, que na semana passada decidiu investigar os assentamentos judaicos da Cisjordânia.
O rompimento, anunciado pela chancelaria de Israel, implica que os investigadores da ONU não poderão realizar seu trabalho pessoalmente no território israelense ou na Cisjordânia, que é um território palestino ocupado por Israel.
"Não estamos mais trabalhando com eles", disse o porta-voz Yigal Palmor. "Estávamos participando de reuniões, discussões, arranjando visitas a Israel. Tudo isso acabou."
A investigação internacional, solicitada pela Autoridade Palestina, foi aprovada na quinta-feira, e o único país do conselho a votar contra foram os Estados Unidos. Líderes israelenses disseram que o conselho age de forma hipócrita e tendenciosa contra Israel.
"Eles sistemática e serialmente tomam todo tipo de decisão e condenação contra Israel sem nem simbolicamente considerarem as nossas posições", queixou-se Palmor.
Segundo ele, Israel vai continuar cooperando com outros órgãos da ONU.